A política deveria ser a ciência e a arte do Bem Comum e não a grosseira prática do poder pelo próprio poder. Ao se colocar a fonte do poder em Jesus Cristo, como representante da vontade de Deus, o poder em si desaparece como a meta central. O objetivo agora se torna no Bem Comum, no Reino de Deus.
O que se contrapõe a esse projeto divino com todas suas benéficas consequências? É justamente a dita soberania popular que se manifesta frequentemente na compra de votos com quaisquer moedas para eleger determinado candidato ou partido politico.
A soberania popular contaminada pelos interesses egoístas representada a condição do homem divorciado do Cristo.
A afirmação da soberania absoluta da criatura torna-se fonte de todo o poder, de toda a razão e de todo o valor. A vontade do Criador é substituída pela vontade e apetites da criatura.
Por esse motivo o Papa João Paulo II advertia em seu “Evangelium vitae”:
Na realidade, não se deve mitificar a democracia, convertendo-a em um substituto da moralidade ou em uma panaceia da imoralidade (...) Seu caráter moral não é automático, mas depende de sua conformidade com a lei moral, à qual, como qualquer outro comportamento humano, deve submeter-se; isto é, depende da moralidade dos fins que persegue e dos meios de que se serve. (...) Na base destes valores, não podem estar maiorias de opiniões provisórias e volúveis, mas só o reconhecimento de uma lei moral objetiva, que, enquanto lei natural inscrita no coração do homem, é ponto de referência normativa da própria lei civil. Se, por um trágico obscurecimento da consciência coletiva, o ceticismo chegasse a por em dúvida até mesmo os princípios fundamentais da lei moral, o próprio ordenamento democrático seria abalado nos seus fundamentos, reduzindo-se a puro mecanismo de regulação empírica de interesses diversos e contrapostos.
Observa-se no texto que o Papa reivindica o caráter eminentemente moral da política e rechaça plenamente a soberania popular. Defende a soberania do Cristo com liberdade e dignidade do homem e da política, contra a soberania popular que leva às infelizes sequelas de desordem e tirania.
Isto é o que acontece nos dias atuais, quando os defensores da soberania popular, reconhecendo o paradigma cristão como o muro de proteção contra a invasão de suas práticas autoritárias, usam os mesmos recursos “democráticos” para alcançar o poder e assim restringir a liberdade.
Verificamos com facilidade como a democracia exercida pela soberania popular, contaminada pelo egoísmo humano representado pela compra de votos, instala um comportamento gestor dentro das diversas instituições que chega a inverter a lei moral, natural, até em seguimentos que deveriam ser inexpugnáveis a essa saga autoritária e corrupta, como o jurídico e eclesiástico.