Os caminhos que Deus nos oferece para ver se aplicamos corretamente nossas boas ou más intenções, são cheios de contrastes. Mesmo que não os possamos identificar de imediato, à medida que vamos evoluindo tendemos a mudar, desde o início, do tempo da ignorância, até o alcance da meta, a sabedoria.
Daí, observamos o primeiro contraste: o espírito ignorante envolto em sombras e o espírito puro envolto em luz, que significa o domínio da sabedoria.
Daí, vem aquela ideia do Anjo Cinzento que está no meio do caminho, das sombras/trevas para a luz/sabedoria. Já contei essa história aqui... deixe ver...
Procurei nos meus escritos neste site do Recanto das Letras (http://www.siostiodelapa.net) e não encontrei tal Anjo Cinzento que pensava ter escrito. Mas achei o texto “Anjo Pecador”, publicado em 18-08-1917, com um sentido parecido. Mas voltemos a este texto, sem tantas dispersões.
Procurando ver na história, na vida, nos relacionamentos, observamos em tudo esses contrastes que podemos dar o nome de dualidades: bom-ruim, certo-errado, doce-salgado, noite-dia... e por aí vai.
Lembrando as lições de Cristo, também observo a dualidade que Ele implantou, da construção do Reino de Deus sobre a base da família universal, altruísta, colocando em segundo plano a família nuclear, egoísta.
Em tudo que fazemos sempre estamos decidindo pelo livre arbítrio, para qual polo do contraste devo dirigir o meu comportamento, devo me aproximar, realizar.
Tudo isso é feito por todos, todos os dias e parece que ninguém atenta para tal fato, que perceba a evidência dos contrastes.
Fiquei a refletir sobre isso e veio a ideia que talvez fosse instrutivo colocar de forma clara e até escandalosa, a existência desses contrastes. Como fazer isso?
Pensei que tal pessoa, com tal interesse, curiosidade, determinação e coragem, sendo do sexo masculino, por exemplo, poderia deixar de barbear apenas metade do rosto.
Devo confessar ao meu leitor que tal ideia me surgiu na mente ao me barbear há pouco tempo. Ao passar a gilete de um lado do rosto, veio à mente que se eu deixasse apenas um lado barbeado, isso ficaria muito estranho. A configuração predominante que possuímos na cultura é que o homem seja barbeado de forma integral. Mesmo que não queira se barbear, mas fica barbudo de forma integral.
Eis o que passei a imaginar. Saindo na rua com o rosto com essa configuração, logo iria ser olhado de forma estranha por todos. A primeira ideia que viria na mente de quem de olhasse, era que eu seria um louco, para quem não me conhecesse. Para os que me conhecem a ideia de louco talvez fosse mais forte, pois como sabem que sou psiquiatra iriam concluir que a loucura dos meus pacientes que tanto procuro acolher, terminou sendo acolhida em minha própria mente.
Mesmo que eu tivesse fortes explicações lógicas para tal comportamento, acredito que a grande maioria, talvez a unanimidade, permanecessem acreditando na loucura, de alguém que já vinha praticando comportamentos bem estranhos. Como por exemplo, querer construir o Reino de Deus aplicando o amor incondicional, inclusivo, sem respeitar a exclusividade do amor que se deve a uma só pessoa no casamento; como ser pobre pelo espírito tendo nas mãos todas as condições de alcançar os píncaros do poder ou do acúmulo de bens materiais.
Tudo isso não são sinais ou sintomas de loucura? Só que agora esse contraste entre sanidade e loucura está colocada na própria face. Agora ninguém tem mais dúvida mesmo. É loucura!