No princípio era a Palavra. Deus se manifestou e criou o mundo através da palavra. FIAT LUX! Faça-se a Luz! Tudo foi criado através da Palavra. E a Palavra se encarnou no corpo de Jesus. Ele sabia para o que veio como filho unigênito de Deus, como o único de tão forte proximidade que se identificava com Ele. A Sua vontade era a vontade dEle. Quem O via, também via a Deus. Ele chegou a dizer a Tomé, que este tinha acreditado porque tinha visto e tocado, mas melhor seria se tivesse a fé de ter acreditado, sem ter visto ou tocado.
Será que esta é a minha maior prova? Acreditar sem ver nem tocar? Superar todas as dúvidas que a academia, a ciência, possam colocar na minha mente? Aceitar o que a lógica e a coerência, e principalmente a intuição dizem que é o certo? Atender como realidade essa Voz Silenciosa que de dentro de minha consciência diz que sou também um filho próximo de Deus, não tão próximo como Jesus, ou mesmo Francisco de Assis, que ouvia a voz pelos seus órgãos auditivos, e que esperava ser dito o que ele precisava fazer.
Francisco deixou de lado todos os prazeres mundanos que antes fazia com tanto prazer junto aos amigos. Tinha o apoio de sua mãe, Dona Pica, que percebia que ele tinha o dom de Deus. Da mesma forma tinha o apoio de Clara, uma mulher cobiçada pelo mundo carnal, mas que sintonizava perfeitamente com o mundo espiritual que despertava em Francisco. A Voz que Francisco ouvia e o que deixava ansioso para voltar a ouvir e saber o que deveria fazer, era bem entendida por sua mãe e por Clara. Todos os outros achavam que era loucura, principalmente o seu pai, Senhor Bernardone.
Eu, não tenho apoios tão fortes e declarados, pelo menos tenho alguns apoios de simpatias pela minha forma fraterna de agir. Mas não tenho o carisma de Francisco, de arrastar consigo tantos amigos para o seu projeto espiritual. Nem tenho ao lado uma companheira espiritual que compreenda e aceite a minha conduta carnal dentro dos princípios do Amor Incondicional, que faz a inclusão de qualquer pessoa dentro do projeto da Família Universal como base do Reino de Deus.
A voz que escuto não é audível como a que Francisco ouvia, que dava a ele a certeza da realidade. A minha Voz é silenciosa, permeia a minha consciência sem se manifestar através de nenhum sentido físico. Somente a intuição, sentimento mais próximo da loucura que os sentidos físicos, é que me dá uma certeza de realidade. Portanto, Francisco já era considerado louco por sua voz audível para ele, quanto mais eu que não posso alegar ouvir uma voz, e sim sentir uma voz? Como posso explicar esse paradoxo, de uma voz silenciosa? Não estaria isso mais próximo da loucura?
Francisco entendeu que deveria restaurar a Igreja do Cristo, trazer o foco do trabalho para a humildade e se afastar da pompa e mordomias que o poder eclesiástico havia construído com mais energia dentro do trabalho cristão.
Eu, entendo que devo praticar dentro do mundo materialista as ações de fraternidade dentro dos critérios do Amor Incondicional, tirar o foco da família nuclear para a família universal, interpretando como sendo esta a vontade de Deus para a construção do seu Reino entre nós, partindo dessa transformação íntima, moral e ética, amando o próximo como o reflexo do Divino.