No Juízo Final, quando a justiça divina me interrogar querendo saber minha defesa sobre as acusações que sofri enquanto encarnado nesta minha atual vivência, terei que responder conforme a Verdade, pois nesse Tribunal ninguém consegue mentir, em nome da Justiça. Esta seria a minha defesa em procura da Justiça.
Senhor, sempre procurei me conduzir com ética com meus semelhantes e também comigo mesmo. Sabes que fui criado simples e ignorante e assim muitos erros posso ter cometido. Uma das atitudes que tomei, das mais complicadas, que muitos consideram como erro, mas eu não, e que gerou consequências por toda minha vida atual, foi ter mudado meus paradigmas de vida quando aprendi sobre o amor incondicional que o Mestre Jesus ensinou.
Ele disse que era essa a maior lei, o amor, e que não poderia sofrer qualquer restrição ou impedimento por nada nem ninguém. Como eu poderia continuar aplicando o amor exclusivo, de amor a uma só pessoa com amor exclusividade como manda as regras do casamento? Poderia omitir ou mentir como tantos fazem, mas assim eu estaria desobedecendo a lei do amor, que não contemporiza com a mentira.
Assim, esses foram os caminhos abertos por minha consciência: permanecer onde eu estava, obedecendo os compromissos conjugais, com o amor exclusivo a uma só pessoa e fazer de conta que as lições do Cristo não tinham aplicabilidade; poderia caminhar pela trilha do amor inclusivo e não falar para ninguém, omitir ou mentir, se alguém perguntasse eu diria que era mentira, que eu era um honesto praticante do amor exclusivo; ou então mudar o meu paradigma de vida, para praticar o amor inclusivo, deixando de fora o amor exclusivo, mas dentro da verdade, esclarecendo as pessoas do meu relacionamento o que aconteceu que me deixou transformado psicologicamente, uma outra pessoa nas atitudes e comportamento.
Necessitaria ainda o teste final, aplicar a bússola comportamental que o Cristo ensinou, fazer ao próximo aquilo que deseja seja feito consigo, ou o seu inverso, não fazer ao outro aquilo que não queiras que seja feito consigo.
Eu deveria me colocar no lugar da minha esposa e ver como eu reagiria ao que estava ouvindo, de infidelidade conjugal. Também fiz isso.
Ao ouvir o que eu estava confessando, no lugar da minha esposa, eu iria ter a grande decepção de saber da “traição” conjugal, mas ao mesmo tempo satisfeito por saber que o meu companheiro não estava mentindo para mim. Ele estava dizendo que sofreu uma transformação psicológica, decorrente das leituras dos ensinamentos do Cristo, e apoiado por diversos outros avatares da humanidade, principalmente Krishna, da Índia, que possuía diversas parceiras com o consentimento de sua companheira Radha. Era como ter sofrido uma doença biológica tipo diabetes ou hipertensão da qual tinha que ser medicado constantemente para manter a sobrevivência. Mas essa era a pessoa que eu amava e se estava assim transformado, cabia a mim decidir se continuava ou não com ela. A decisão que eu tomasse deveria ser também com base no amor, pois ela era a pessoa que eu amava e eu sabia que o amor era eterno, não podia se transformar no seu oposto de uma hora para a outra. Se ela tivesse se transformado em diabética ou hipertensa eu iria desprezá-la por causa disso? Claro que não? Então, porque eu iria desprezá-la se tivesse mudado seu paradigma consciencial, para praticar agora o amor inclusivo do que o amor exclusivo de antes? Seria melhor ainda, pois se fosse diabetes ou hipertensão, eu não iria procurar adquiri tal doença, mas se era uma mudança comportamental baseada nos ensinamentos do Cristo, que também era o meu professor, eu iria procurar alcançar o nível consciencial do meu companheiro para podermos caminhar juntos pela mesma trilha.
Este foi o resultado da aplicação da bússola comportamental do Cristo o que me fez ver que eu estava no caminho correto, que não era um erro continuar na trilha que eu havia iniciado.
Eis a minha defesa neste Tribunal Divino, e caso seja mostrado que eu tenha errado, que seja colocado como atenuante a falta de sabedoria necessária para compreender o erro antes que o tenha praticado.