Meu Diário
17/01/2022 23h59
SÉCULO 21 (04) – TEIAS DE ARANHA

            Encontrei o pensamento de Yuval Noah Harari mesmo depois de ter adquirido os seus três livros, bastante difundidos no mundo. O autor nasceu em 1976, em Israel, Ph.D. em história pela Universidade de Oxford, é atualmente professor na Universidade Hebraica de Jerusalém. Considerei bastante relevante após ouvir os dois primeiros livros, Sapiens e Homo Deus. Resolvi ler este terceiro livro, 21 Lições para o Século 21, e fazer a exegese por trechos sequenciais. por considerar existir uma falta de consideração com a dimensão espiritual, indispensável para as conclusões que são tomadas em todos os ângulos em investigação histórica. Convido meus leitores especiais a caminhar comigo nesta nova maratona racional onde pego carona com o brilhante intelecto do autor Yuval.



Embora a perspectiva deste livro seja global, não negligencio o nível pessoal. Ao contrário, quero enfatizar as conexões entre as grandes revoluções de nossa era e a vida interior dos indivíduos. Por exemplo, o terrorismo é tanto um problema de política global quanto um mecanismo psicológico interno. O terrorismo manipula o medo em nossa mente, sequestrando a imaginação privada de milhões de indivíduos. Da mesma forma, a crise da democracia liberal se desenrola não somente em parlamentos e seções eleitorais, mas também nos neurônios e nas sinapses. Dizer que o pessoal é político é um clichê. Mas numa era em que cientistas, corporações e governos estão aprendendo a hackear o cérebro humano esse truísmo (coisa óbvia que não precisa ser mencionada) é mais sinistro do que nunca. Portanto, o livro apresenta observações sobre a conduta de indivíduos bem como de sociedades inteiras.



Um mundo global exerce uma pressão sem precedentes sobre a conduta e a moralidade pessoais. Cada um de nós está enredado em numerosas e várias teias de aranha, que restringem nossos movimentos, mas ao mesmo tempo transmitem nossos mais minúsculos movimentos a destinações longínquas. Nossa rotina diária influencia a vida de pessoas e animais do outro lado do mundo, e alguns gestos pessoais podem inesperadamente incendiar o mundo inteiro, como aconteceu com a autoimolação de Mohamed Bouazizi na Tunísia, que desencadeou a Primavera Árabe, e com as mulheres que compartilharam suas histórias de assédio sexual e deram origem ao movimento #MeToo.



Essa dimensão global de nossa vida pessoal significa que é mais importante que nunca revelar nossos vieses religiosos e políticos, nossos privilégios raciais e de gênero, e nossa cumplicidade involuntária na opressão institucional. Mas será este um empreendimento realista? Como poderei achar um terreno ético firme num mundo que se estende muito além dos meus horizontes, que gira completamente fora do controle humano, e que suspeita de todos os deuses e ideologias?  



Este paralelo de nossa sociedade com uma teia de aranha é bem legal. A sociedade é a teia de aranha e nós estamos enredados dentro dela sofrendo suas influencias, às vezes sem capacidade de sair da situação. Mas também podemos mexer na rede, pois nossas ações levam vibrações ao todo. O viés religioso que possuímos deve gerar uma vibração na teia, que se for construída com bases racionais pode mudar sua configuração para uma ação mais coerente com a sociedade ideal que queremos construir. Será possível que a teia seja configurada no projeto de Reino de Deus ensinado pelo Cristo?



Publicado por Sióstio de Lapa em 17/01/2022 às 23h59


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr