Meu Diário
21/01/2022 00h01
SÉCULO 21 (07) – DISCUSSÃO LIVRE

            Encontrei o pensamento de Yuval Noah Harari mesmo depois de ter adquirido os seus três livros, bastante difundidos no mundo. O autor nasceu em 1976, em Israel, Ph.D. em história pela Universidade de Oxford, é atualmente professor na Universidade Hebraica de Jerusalém. Considerei bastante relevante após ouvir os dois primeiros livros, Sapiens e Homo Deus. Resolvi ler este terceiro livro, 21 Lições para o Século 21, e fazer a exegese por trechos sequenciais. por considerar existir uma falta de consideração com a dimensão espiritual, indispensável para as conclusões que são tomadas em todos os ângulos em investigação histórica. Convido meus leitores especiais a caminhar comigo nesta nova maratona racional onde pego carona com o brilhante intelecto do autor Yuval.



            Antes de embarcar nesta jornada intelectual, eu gostaria de destacar um aspecto decisivo. Grande parte do livro discute as imperfeições da vida de mundo liberal e do sistema democrático. Faço isso não por acreditar que a democracia liberal é excepcionalmente problemática, e sim porque penso que é o modelo político mais bem-sucedido e versátil que os humanos desenvolveram até agora para lidar com os desafios do mundo moderno. Mesmo que não seja adequado a toda sociedade em todo estágio de desenvolvimento, ele provou seu valor em mais sociedades e em mais situações do que qualquer uma de suas alternativas. Portanto, ao examinar os novos desafios que temos diante de nós, é necessário compreender as limitações da democracia liberal, e explorar como podemos adaptar e melhorar suas instituições atuais.



            Infelizmente, no atual clima político, todo pensamento crítico sobre liberalismo e democracia pode ser sequestrado por autocratas e vários movimentos não democráticos, cujo único interesse é desacreditar a democracia liberal, em vez de se envolver numa discussão aberta sobre o futuro da humanidade. Ao mesmo tempo que ficam mais do que satisfeitos em debater os problemas da democracia liberal, não toleram críticas dirigidas a eles.



            Portanto, como autor, tive de fazer uma escolha difícil. Deveria expor minhas ideias abertamente, arriscando que minhas palavras fossem interpretadas fora de contexto e usadas para justificar as novas autocracias? Ou deveria censurar a mim mesmo? É uma marca dos regimes não liberais dificultar a livre expressão até mesmo fora de suas fronteiras. Devido a disseminação desses regimes, está ficando cada vez mais perigoso pensar criticamente sobre o futuro de nossa espécie.



            Após uma reflexão íntima, optei pela discussão livre e não pela autocensura. Se não criticarmos o modelo liberal não seremos capazes de corrigir suas falhas ou ir além dele. Mas é importante notar que este livro só poderia ter sido escrito num mundo em que as pessoas ainda são relativamente livres para pensar o que quiserem. Se você dar valor a este livro, deveria valorizar também a liberdade de expressão.



            É importante que seja ressaltado que por mais que seja teoricamente colocada a democracia liberal como o mais avançado conceito de construção de uma sociedade ideal, sempre existe a possibilidade dela ser sequestrada por autocratas mascarados, lobos em pele de ovelha. Trazem de pronto todo um discurso democrático e na primeira ocasião aplicam o poder que adquiriram, de forma corrupta, para se manterem no poder e aumentar cada vez mais. Isto é o que se observa no Brasil, diversos gestores colocados em cargos de poder pelo poder da corrupção, inclusive na compra de votos em períodos eleitorais, seja qual for a arena de disputa. Chega ao ponto de obrigar os cidadãos a tomarem uma vacina experimental, ocultando o quanto de danos ela está causando na população. A livre expressão chega a ser punida até mesmo nos nossos representantes legislativos, eleitos para nos defender. Estamos a um passo do Estado Autoritário, barrado por poucas pessoas corajosas que com o risco da própria vida, se colocam em defesa do país e da cidadania de direito.



            Aqui podemos nos associar às preocupações do professor Yuval do perigo que estamos enfrentando em criticar com opinião própria o futuro de nossa espécie, de optar pela discussão livre e não pela autocensura, própria dos covardes.



Publicado por Sióstio de Lapa em 21/01/2022 às 00h01


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr