Meu Diário
25/01/2022 00h01
SÉCULO 21 (10) – CONTROLE DAS CARTAS

            Encontrei o pensamento de Yuval Noah Harari mesmo depois de ter adquirido os seus três livros, bastante difundidos no mundo. O autor nasceu em 1976, em Israel, Ph.D. em história pela Universidade de Oxford, é atualmente professor na Universidade Hebraica de Jerusalém. Considerei bastante relevante após ouvir os dois primeiros livros, Sapiens e Homo Deus. Resolvi ler este terceiro livro, 21 Lições para o Século 21, e fazer a exegese por trechos sequenciais. por considerar existir uma falta de consideração com a dimensão espiritual, indispensável para as conclusões que são tomadas em todos os ângulos em investigação histórica. Convido meus leitores especiais a caminhar comigo nesta nova maratona racional onde pego carona com o brilhante intelecto do autor Yuval.



 



 



DA MATANÇA DE MOSQUITOS À MATANÇA DE IDEIAS



            A sensação de desorientação e catástrofe iminente é exacerbada pelo ritmo acelerado da disrupção tecnológica. O sistema político liberal tomou forma durante a era industrial para gerir um mundo de máquinas a vapor, refinarias de petróleo e aparelhos de televisão. Agora, tem encontrado dificuldade para lidar com as revoluções em curso na tecnologia da informação e na biotecnologia. 



            Políticos e eleitores mal conseguem compreender as novas tecnologias, que dirá regular seu potencial explosivo. A partir da década de 1990 a internet mudou o mundo, provavelmente mais do que qualquer outro fator, mas a revolução da internet foi dirigida mais por engenheiros que por partidos políticos. Você alguma vez votou em qualquer coisa que concerne à internet? O sistema democrático ainda está se esforçando por entender o que o atingiu, e está mal equipado para lidar com os choques seguintes, como o advento da inteligência artificial (IA) e a revolução da tecnologia de blockchain.



            Os computadores já tornaram o sistema financeiro tão complicado que poucos humanos são capazes de entende-lo. Com a evolução da IA talvez logo cheguemos a um ponto em que as finanças não farão sentido nenhum para os humanos. E o que isso fará com o processo político? Dá para imaginar um governo que aguarda humildemente que um algoritmo aprove seu orçamento ou sua nova forma de reforma fiscal? Enquanto isso redes peer-to-peer de blockchain e criptomoedas como o bitcoin poderão renovar completamente o sistema monetário, de modo que reformas fiscais radicais serão inevitáveis. Por exemplo, a cobrança de imposto sobre o dólar pode se tornar impossível ou irrelevante, porque a maior parte das transações não vai envolver um valor de câmbio claro e definido para a moeda nacional, ou qualquer moeda em geral. Portanto, os governos talvez tenham de inventar impostos totalmente novos – talvez um imposto sobre informação (que será o ativo mais importante na economia, e também a única coisa trocada em numerosas transações). Será que o sistema político conseguirá lidar com a crise antes de ficar sem dinheiro?



            O sistema democrático sofreu um golpe duro com a decretação da pandemia pelo Covid-19. O vírus que surgiu num país comunista, avesso ao sistema democrático, induziu ao redor do mundo atitudes autoritárias dos governantes que impediram a liberdade dos cidadãos, sem procurar saber se isso era o que eles realmente queriam. Foram disseminadas falsas narrativas, aplicadas novas corrupções sobre os cadáveres dos cidadãos eleitores, que se viram sem voz e sem voto, com seus negócios destruídos e seus parentes e amigos isolados. Falência total da democracia? Autoritarismo pleno? Morte da democracia?



            Será que o Estado da mesma forma que os indivíduos está sendo atacado pelas novas tecnologias, até no tipo de moedas para as diversas formas de transações? E quem está operando essas mudanças que por ficarem além de nossa compreensão terminam por limitar nossa liberdade? Será que tanto os Estados quanto os cidadãos terão que se humilhar para sobreviverem, frente à elite financeira que está com os “controles das cartas” em plena pandemia, provocada e instalada por quem está se beneficiando delas?



Publicado por Sióstio de Lapa em 25/01/2022 às 00h01


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr