Na edição número 853 da revista “Catolicismo”, de janeiro de 2022 (ano LXXII), encontro o editorial que reproduzo abaixo para nossa reflexão, nestes dias de batalha espiritual acirrada.
La “Cumbre Vieja”, o vulcão da ilha espanhola La Palma (Arquipélago das Canárias), que entrou em erupção no dia 19-09-2021, transformou-se em 22 de dezembro na mais longeva erupção vulcânica em 373 anos. Com seu poder de fogo, devorou casas e lavouras, forçando a retirada de moradores e turistas. Um fenômeno que bem pode representar a situação catastrófica da Santa Igreja e das nações neste último ano.
Com efeito, fomos assistindo ao longo dele um espetáculo de horror em 365 capítulos, acompanhando assim os diversos acontecimentos, quer religiosos, quer temporais.
Uma assombrosa Revolução Cultural foi demolindo dia a dia os vestígios da civilização. Nesse processo revolucionário anticivilizatório – rumo a uma sociedade tribalista regida por um governo mundial -, um verdadeiro pandemônio foi dominando o cenário político, nacional e internacional, cultural e religioso.
Entretanto, vendo apenas um dos capítulos da série de horror, não se tem ideia de como a “pandemia” do non sense contagiou as instituições e as mentes das pessoas em todas as partes do mundo.
Para que se possa ter uma visão geral do avanço desse processo, o qual poderá causar grandes catástrofes, sobretudo morais, impõe-se uma análise séria do conjunto dos acontecimentos, que certos setores da mídia são hábeis em abafar os importantes e de divulgar com o maior estardalhaço os medíocres. Hábeis também em criar “cortinas de fumaça” para que o público em geral não veja com clareza, por exemplo, o grande incremento das reações conservadoras que em 2021 notamos em muitos setores da opinião pública.
Para não nos deixarmos embair por esses inescrupulosos interesses midiáticos, cumpre não somente dizer a verdade, mas apontar os erros nua e cruamente, doa a quem doer.
É o que faz a matéria de capa desta edição, comentando e analisando o ano velho, a fim de nos prepararmos para os imprevistos do novo ano. Como jornalistas católicos, seguimos a orientação dada pelo Papa Leão XIII: “Não diga nada falso, não cale nada verdadeiro”.
Fico introspectivo com o quanto pude mudar em pequeno espaço de tempo, comparado ao tempo que passei mergulhado num mundo de fantasia, no qual fui preparado, educado, disciplinado para aceita-lo como real e como seria o ideal de nosso processo evolutivo. É disto que trata este editorial. Os aspectos importantes da natureza humana exposta na forma de conduta política, foram habilmente escondidos do meu racional, tão puro e tão ingênuo. Eu via os relatos comunistas, socialistas, com a poesia que seus autores queriam que eu visse e assim como eu, toda minha geração, a juventude, ávida por justiça social. Eles criaram uma cortina de fumaça para que o intelecto da minha geração não alcançasse a realidade dos fatos que estavam se desenvolvendo. Até posso justificar a minha ilusão da realidade, desde que eu fui vítima das falsas narrativas, da cortina de fumaça, assim como meus colegas de geração, desse embuste global. O que não consigo justificar é que pessoas bem educadas, acadêmica, jurídica ou canonicamente, que dizem lutar por justiça e pelo bem comum, se tornem mentirosos convictos de uma realidade que eles sabem que não podem entregar, e em nome de igualdade, liberdade e fraternidade, cometem as maiores atrocidades, colocando sobre o sangue das vítimas um perfume ácido de heroísmo sem fundamento.