Irei reproduzir neste espaço a palestra do Sr. Nelson Ribeiro Fragelli, especialista no tema da Revolução Francesa e autor de diversos estudos no tema, para nossa reflexão sobre o mundo atual que vivemos hoje.
Muito obrigado Sr. Frederico. Eu saúdo o Príncipe D. Bertrand de modo particular e também o Sr. Frederico e organizadores deste 21o. Simpósio de estudos Contra-Revolucionários.
A Revolução Francesa é uma parábola da história. Foi o professor Plínio que lançou esta expressão: parábola. Porque contém em si um ensinamento para outros lugares e outros tempos.
O que aconteceu durante a Revolução Francesa serve para nós, é um paradigma para entender o que ocorre no mundo, político e ideológico, nesses 230 anos após o início da Revolução.
A Revolução Francesa foi uma imensa convulsão de ideias, de instituições, para abater uma sociedade gerada pela Santa Igreja. Autores como Pierre diz que a Igreja trabalhou só na França durante 1.500 anos, formando uma nação, a primogênita da Igreja, que brilhou no mundo em diversos aspectos: pelo seu reino, por suas artes, por sua cultura.
A França é, ou foi, hesito em colocar o verbo no presente ou no passado. Mas a França foi uma joia da cristandade, certamente a mais bela das joias da cristandade.
Como se deu a Revolução Francesa? A preparação foi lenta, levou mais de 100 anos, cuidadosamente executada em toda sociedade francesa. A primeira ideia surgiu de um sacerdote, de um arcebispo, o Arcebispo de Cambré (?), Fenélon (François de la Mothe-Fenélon, (1651-1715). Ele pertencia a uma grande família, de Cruzados, era um homem muito distinto e muito culto.
Fenelón, com a influência em ordens religiosas diferentes, com influência política, ele cria uma doutrina nova que ele chama de Quietismo, Quietude. E esse quietismo pregava o total abandono nas mãos de Deus dos fieis, dos católicos, de todos os homens. Doutrina oposta à do grande Santo Inácio, que pregou a luta, os dois exércitos, a conquista da vitória no combate ao mal.
Esse Quietismo, penetrando as ordens religiosas, penetrou os jesuítas, fortíssimos na França, os confessores dos reis, Luiz XIV, Luiz XV, eram jesuítas. Fenelón desenvolveu esse modo de pensar: nós não devemos reagir às tentações, nem mesmo as orações são tão necessárias. A alma é boa, a alma procura nos outros a fraternidade.
A fraternidade, segundo Fenélon, era muito importante. A monarquia traz em si, o quê? O rei mandando nos outros, o rei dirigindo, tomando determinações, ele facilmente se corrompe. A monarquia contém em si sementes de corrupção. É preciso acreditar na bondade humana, dizia Fenélon. Cada um sabe o que faz. A propriedade privada é um mal. Os males começaram quando o homem fundamentou a sua sociedade na propriedade privada. Propriedade privada eu ganho meu dinheiro, é a especulação, é o domínio de empregados que trabalham para o proprietário.
Parece que esse Quietismo pode responder como a semente da destruição do poder papal, diminuindo, por conseguinte, o poder da monarquia, diretamente associado à Igreja. O mais curioso disso, é que essa ideia não surgiu de um revolucionário contra a igreja ou o Estado. Surgiu dentro da própria Igreja através de um dos seus “doutores” da lei: Fenélon, Arcebispo de Cambré.
Podemos concluir que essa fumaça de Satanás que entrou dentro da Igreja, chegou através do raciocínio dos seus prelados, que deixaram se encantar pelo poder, fato que acontece desde os primórdios do mundo. Essa ideia colocada por Fenélon, despretensiosa, do Quietismo, é como se deixasse um animal de pernas atadas para que ele não fosse longe, não pudesse se defender ou atacar.