Irei reproduzir neste espaço a palestra do Sr. Nelson Ribeiro Fragelli, especialista no tema da Revolução Francesa e autor de diversos estudos, para nossa reflexão sobre o mundo atual que vivemos hoje.
Fenélon pregou a doutrina do Quietismo em 1670, mais de 100 anos antes da Revolução Francesa. Podemos pensar estar ouvindo um marxista falando contra a propriedade privada. Vejamos, portanto, a importância parabólica da Revolução Francesa. Ela começou com um ataque à propriedade privada e à família também.
A família, segundo Fenélon não devia ser um pequeno grupo dedicado à agricultura, ao pastoreio, sem moeda, sem comércio, sem economia. Então, os homens encontrariam a paz perpétua. Paz... nós ouvimos e sabemos bem o que é paz. A União Soviética repetia “paz” à medida que alastrava o seu poder fazendo guerras e invasões por todo o mundo.
Já, para Fenélon, era paz porque o homem é bom. Se ele erra, oh, sim! Ele erra. Não combater esse erro, ele se arrependerá, ele se dobrará a razão e voltará ao bom caminho.
Este era o Quietismo. Pode ser dito: mas esse Quietismo não pegou, não é possível. Ora, se pegou! Se alastrou por toda a França. O historiador mostra que através da divulgação feita dessa teoria em todas as camadas sociais da França, inúmeras pessoas, sobretudo as elites, passaram a acreditar nisso.
O grande Luiz XIV, monarca por excelência, nomeou Fenélon como preceptor do seu neto, filho do grande Delfim, de Luiz XIV. Vemos assim como a corte abriu caminho para Fenélon,
O Delfim, filho de Luiz XV, pai do duque de Borgonha, futuro Luiz XVI, foi consultar os jesuítas, falou com o padre Berthier, muito conhecido na época, tinha todas as entradas na corte. Como é que faço para educar o meu filho? Padre Berthier recomendou os livros de Fenélon. E Luiz XVI, antes de ser Luiz XVI, era profundamente otimista. Ele acreditava que tudo se arranja por si mesmo.
Outro ponto muito importante para nós, o fundo da natureza é divino. E essa comunhão com a natureza nos faz haurir os desejos que a divindade tem para a raça humana e para cada sociedade em particular.
Isso até parece a Pachamama, isso até parece o Sínodo da Amazônia. Ora, as consequências na Revolução Francesa... se acessa o combate a virtude, a aceitação da sociedade tal como ela é, e há um endeusamento dos prazeres da vida. Isto penetrou as artes, a pintura, a música, a escultura... traduzindo essa alegria de viver que é tão oposta ao ensinamento católico, dos mandamentos em particular, a própria doutrina de Santo Inácio de Loyola.
Nós nascemos com uma carga de egoísmo que é importante para nossa sobrevivência. À medida que evoluímos, vamos crescendo em corpo e pensamento, essa carga de egoísmo deve ser reduzida ao máximo para não prejudicar ao próximo. Esta é uma lição fundamental do Cristianismo, quando diz que devemos purificar o nosso coração do excesso de egoísmo para termos condições de ser cidadão do Reino de Deus e construir tal sociedade em nosso entorno.
A doutrina do Quietismo que defende que estejamos quietos frente o exercício do mal ao nosso redor, que a Igreja tolere os erros cometidos para não gerar conflitos interpessoais com os pecadores, conscientes ou inconscientes. Assim, o homem não pode se esforçar para purificar o seu coração, pois não poderá ser hipócrita, defender um comportamento para os outros e para si, não.
Fiquemos muito atentos com o que Cristo ensinou, orai e vigiai. Não vamos deixar que o mal prospere ao nosso lado