Irei colocar trechos das aulas do Padre Paulo Ricardo que foram publicadas no Youtube em 04-01-2012, contando 473 mil visualizações nesta data, 17-02-2022, para enriquecer nossa reflexão.
Os próprios comunistas compreendiam que havia uma espécie de queda de braço e que se as coisas continuassem daquela forma o comunismo iria perder. Havia uma guerra armamentista que os Estados Unidos estavam vencendo. Eles tinham armas muito mais potentes, eram tecnologicamente mais desenvolvidos e estavam com uma situação melhor que a União Soviética. Os Estados Unidos estavam vencendo a batalha militar dentro da Guerra Fria.
Os comunistas não estavam mais fixados numa batalha militar. Há décadas que os comunistas haviam percebido que o caminho não era o militar, o caminho era o cultural. Como surgiu isso? Como se deu essa passagem, esse triunfo, de uma linha que aparentemente parecia heterodoxa do comunismo.
Vamos começar a partir do século 19 com a ideia de Karl Marx. A sociedade é injusta e explora o trabalhador, o proletário. É necessário que haja uma revolução armada para que a classe trabalhadora tome a posse do governo para implantar uma ditadura do proletariado, através de uma luta de classes. O proletariado vai tomar posse dos meios de produção, do governo, etc. Esta será uma ponte para uma sociedade que será justa, sem classes, sem governo. O ideal de Marx é implantar aqui na Terra um paraíso. Implantar aqui neste mundo uma sociedade justa, perfeita. E como será feito isso? Pelo poder criativo do mal. Aqui está a perversão marxista na sua raiz mais absurda. Marx é somente o secretário. Satanás na verdade é Hegel. Marx é somente o porta-voz, a força criativa do mal, do negativo. Faça o mal, produza o mal, destrua, disso virá algo bom. É esse o princípio Hegeliano. Uma vez que você tem uma antítese forte, desse conflito, dessa luta de tese e antítese, surgirá uma síntese superior. Esta luta será elevada, na linguagem técnica hegeliana, será suprassumida, vai ser levada para cima.
Então, num conflito, num duelo de vida ou de morte surgirá o superior. O que acontece em Hegel, é que existe uma injustiça com o mal, com o negativo. Pois o negativo foi demonizado, foi exorcizado de nossas vidas. Quando você exorciza e retira o negativo da vida das pessoas, você está criando um imobilismo, uma falta de vitalidade.
Hegel traz para dentro da filosofia aquilo que já era enxergado, já era visto pela arte, pelo romance, pelos satanistas. Se lermos o Fausto de Goethe, uma das cenas iniciais, Mefistófeles, o demônio, aparece para Fausto e se identifica. Eu sou aquela força do mal que sempre produzo. O mal produz vida. É isso que o mal diz de si. Existe criatividade, vitalidade no mal. Você dá asas a maldade e vai acontecer algo de bom.
Hegel coloca isso na filosofia, na sua dialética. Marx leva isto à prática. Passa da teoria hegeliana para a práxis política em que matar e destruir, hostilizar a civilização, trazer abaixo a ordem irá produzir uma ordem superior. Este é o princípio que vocês não devem se esquecer, porque ele governa a vida de muitos sacerdotes, até mesmo bispos, dentro da Igreja Católica hoje. Não que eles tenham estudado isso, fazem sem saber de onde vem.
É preciso que desde o início saibamos distinguir em que time a pessoa está jogando dentro dessa história da revolução cultural dentro da igreja.
É importante sabermos que estamos dentro de uma Guerra Espiritual cuja arma principal do lado do Demônio é a mentira e do lado de Deus é a Verdade. O objetivo é alcançar a mente do ser humano e o tornar consciente de que lado ele quer ficar. O Demônio é a representação energética do Behemoth criado pelo próprio Deus e citado no Livro de Jó, na Bíblia Sagrada. Ele representa a energia de preservação do nosso próprio corpo e espécie, o egoísmo que recompensa a nossa mente com o prazer imediato. Por outro lado, o Espírito, criado simples e ignorante pelo próprio Deus, como sua imagem e semelhança, deve evoluir em moral e sabedoria com seus próprios esforços para chegar novamente à intimidade com Deus. Para acontecer isso o Espírito deve migrar pelas diversas manifestações do mundo material, efêmero em suas formas, inclusive a forma humana, para dominar com harmonia, sabedoria e fraternidade tudo isso que é criação de Deus, o Pai comum de tudo e de todos.
Esta é a raiz do conflito. O Demônio representado pela força energética do egoísmo e que usa a mentira como sua principal arma e Deus representado por nosso Espírito que usa a verdade como sua principal arma. As narrativas criadas, com base na verdade ou na mentira, chegam ao campo mental do homem, desde a sua infância e vão modulando os seus pensamentos. São essas narrativas que criam a Cultura e somos nós que fazemos isso. O Demônio descobriu que o caminho das armas não era eficaz e investiu na criação de uma cultura propícia para ele através do Comunismo. O Cristianismo não percebeu isso, e pior, deixou se contaminar na sua principal estratégia de evangelização, a Santa Igreja Católica.
Agora estamos dentro do prejuízo, a Guerra Cultural está dominada pelo Comunismo e o Cristianismo é atacado com perversidade onde ele se manifesta, principalmente quando é evocado o direito do homem à liberdade, privando-o da fraternidade e jogando-o dentro de sistemas autoritários e corruptos de poder.