Encontrei o pensamento de Yuval Noah Harari mesmo depois de ter adquirido os seus três livros, bastante difundidos no mundo. O autor nasceu em 1976, em Israel, Ph.D. em história pela Universidade de Oxford, é atualmente professor na Universidade Hebraica de Jerusalém. Considerei bastante relevante após ouvir os dois primeiros livros, Sapiens e Homo Deus. Resolvi ler este terceiro livro, 21 Lições para o Século 21, e fazer a exegese por trechos sequenciais. por considerar existir uma falta de consideração com a dimensão espiritual, indispensável para as conclusões que são tomadas em todos os ângulos em investigação histórica. Convido meus leitores especiais a caminhar comigo nesta nova maratona racional onde pego carona com o brilhante intelecto do autor Yuval.
Este pode ser um dos motivos (embora não o único) pelo qual até mesmo eleitores no coração do ocidente liberal estão perdendo a fé na narrativa liberal e no processo democrático. As pessoas comuns talvez não compreendam a IA e a biotecnologia, mas percebem que o futuro as está deixando para trás. A condição de vida de uma pessoa comum na União Soviética, na Alemanha ou nos Estados Unidos em 1938 talvez fosse sombria, mas sempre lhes diziam que ela era a coisa mais importante do mundo, que ela era o futuro (contanto, é claro que fosse uma “pessoa normal” e não judia ou africana). Ela olhava os pôsteres de propaganda – que, tipicamente, mostravam mineradores, operários siderúrgicos e donas de casa em poses heroicas – e ali se via: “Eu estou naquele pôster! Sou o herói do futuro!”.
Em 2018 a pessoa comum sente-se cada vez mais irrelevante. Um monte de palavras misteriosas são despejadas freneticamente em TED Talks, think tanks governamentais e conferências de alta tecnologia – globalização, blockchain, engenharia genética, inteligência artificial, aprendizado de máquina -, e as pessoas comuns bem podem suspeitar que nenhuma dessas palavras tem a ver com elas. A narrativa liberal era sobre pessoas comuns. Como ela pode continuar a ser relevante num mundo de ciborgues e algoritmos em rede?
No século XX, as massas se revoltaram contra a exploração, e buscaram traduzir seu papel vital na economia em poder político. Agora as massas temem a irrelevância, e querem freneticamente usar seu poder político restante antes que seja tarde. O Brexit e a ascenção de Trump poderiam, assim, demonstrar uma trajetória contrária à das revoluções socialistas tradicionais. As revoluções russa, chinesa e cubana foram feitas por pessoas que eram vitais para a economia, mas as quais faltava poder político; em 2016, Trump e Brexit foram apoiados por muita gente que ainda usufruía do poder político, mas que temia estar perdendo seu valor na economia. Talvez no século XXI as revoltas populares sejam dirigidas não contra uma elite econômica que explora pessoas, mas contra elite econômica que já não precisa delas. Talvez seja uma batalha perdida. É muito mais difícil lutar contra a irrelevância do que contra a exploração.
O autor analisa todos os movimentos que tentam colocar o homem com harmonia dentro da sociedade, mas não analisa aquele que tem uma sistemática bem diferente: o Cristianismo com a proposta da sociedade ideal, do Reino de Deus, a partir da reforma íntima do próprio coração.
Todas as outras narrativas de salvação do homem da exploração por outro homem, sempre fracassa. O grupo que consegue com uma ação revolucionária alcançar o poder, logo usa este poder para manietar a sociedade e provocar milhares de mortes de civis, de pessoas não combatentes, para manter o poder recém conquistado.
Cada vez mais a narrativa cristã da sociedade ideal sai do foco das discussões, pois a própria Santa Igreja Católica, condutora da narrativa cristã, se encontra tomada pelo pensamento marxista, socialista, comunista, ameaçando a liberdade individual em todos os cantos do planeta.