Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
11/03/2022 00h01
SÉCULO 21 (17) – ALTERNATIVA RUSSA

            Encontrei o pensamento de Yuval Noah Harari mesmo depois de ter adquirido os seus três livros, bastante difundidos no mundo. O autor nasceu em 1976, em Israel, Ph.D. em história pela Universidade de Oxford, é atualmente professor na Universidade Hebraica de Jerusalém. Considerei bastante relevante após ouvir os dois primeiros livros, Sapiens e Homo Deus. Resolvi ler este terceiro livro, 21 Lições para o Século 21, e fazer a exegese por trechos sequenciais. por considerar existir uma falta de consideração com a dimensão espiritual, indispensável para as conclusões que são tomadas em todos os ângulos em investigação histórica. Convido meus leitores especiais a caminhar comigo nesta nova maratona racional onde pego carona com o brilhante intelecto do autor Yuval



            A China, superpotência em ascenção, apresenta uma imagem quase invertida. É cautelosa na liberação de sua política doméstica, mas adotou uma imagem muito mais liberal em relação ao resto do mundo. Quando se trata de livre mercado e cooperação internacional, Xi Jinping parece ser o verdadeiro sucessor de Obama. Tendo posto o marxismo-leninismo em segundo plano, a China parece estar bem feliz com a ordem liberal internacional.



            A emergente Rússia considera-se uma rival muito mais poderosa da ordem liberal global, mas, embora tenha reconstituído seu poder militar, está ideologicamente falida. Vladimir Putin certamente é popular na Rússia e entre movimentos de direita por todo o mundo, mas ainda não tem uma visão global que possa atrair espanhóis desempregados, brasileiros insatisfeitos ou estudantes idealistas em Cambridge.



            A Rússia oferece uma alternativa à democracia liberal, mas esse modelo não é uma ideologia política coerente; é uma prática política na qual poucos oligarcas monopolizam a maior parte da riqueza e do poder de um país, e depois usam a mídia para ocultar suas atividades e consolidar seu domínio. A democracia baseia-se no princípio de Abraham Lincoln de que “é possível enganar todas as pessoas por algum tempo, e algumas pessoas o tempo todo, mas não é possível enganar todas as pessoas o tempo todo”. Se um governo é corrupto e não melhora a vida das pessoas, em algum momento os cidadãos se darão conta disso e substituirão o governo. Mas o controle da mídia pelo governo solapa a lógica de Lincoln, porque impede que os cidadãos conheçam a verdade. Mediante seu monopólio da mídia, a oligarquia governante pode sempre culpar os outros por suas falhas e desviar a atenção para ameaças externas – reais ou imaginárias.



            Quando se vive sob tal oligarquia, sempre haverá alguma crise que parece mais importante que coisas fastidiosas como o sistema de saúde ou a poluição. Se a nação está enfrentando uma invasão externa ou uma diabólica subversão, quem tem tempo para se preocupar com hospitais superlotados e rios poluídos? Ao fabricar uma torrente interminável de crises, uma oligarquia corrupta pode prolongar seu domínio indefinidamente.



            Porém, mesmo que duradouro na prática, esse modelo oligárquico não atrai ninguém. Diferentemente de outras ideologias que expõem com orgulho sua visão, oligarquias dominantes não se gabam de suas práticas, e tendem a usar outras ideologias como cortina de fumaça. Assim, a Rússia pretende ser uma democracia, e sua liderança proclama lealdade aos valores do nacionalismo russo e do cristianismo ortodoxo – e não à oligarquia. Extremistas de direita na França e na Inglaterra até podem confiar na ajuda russa e expressar admiração por Putin, mas seus eleitores não gostariam de viver num país que copiasse o modelo russo – um país com corrupção endêmica, serviços que funcionam mal, sem estado de direito e com uma desigualdade assombrosa. Segundo certos parâmetros, a Rússia é um dos países mais desiguais do mundo, com 87% da riqueza concentrada nas mãos dos 10% mais ricos da população. Quantos apoiadores do Front National da classe trabalhadora gostariam de copiar essa distribuição de riqueza na França?  



            Parece ser o momento de o Cristianismo mostrar que pode ser o mais apto concorrente a criar uma sociedade ideal, inclusiva, onde todos tenham oportunidade de vida digna com o sentimento fraterno e de justiça em primeiro plano. Por onde começar? Pelas igrejas ou partido político? Já temos o Evangelho como programa e estatuto de trabalho, basta agora atender a convocação e ir para a linha de frente.



            Imaginemos que o Cristianismo consegue formar um núcleo suficiente para colocar sua narrativa em competição com os concorrentes de gestão global.



Observando o que acontece no Brasil, colocado pela espiritualidade para ser a pátria do evangelho e o coração do mundo, iremos nos defrontar com a mentira, as falsas narrativas, os fake news, como acontece hoje, em pleno fragor da guerra que tem armas biológicas como executores de ponta de lança.



            Até agora nenhuma narrativa defende que a pessoa faça uma reforma íntima para se tornar um militante da causa, a não ser o Cristianismo. Isso é fundamental para quem queira construir o Reino de Deus, que é a proposta do Cristianismo. Nem mesmo dentro das igrejas encontramos essa disposição geral. Porém, a proposta da construção da família universal é condição indispensável para a base do Reino de Deus na coletividade, mas para isso é necessário que existam cidadãos de coração reformado, sem excesso de egoísmo.


Publicado por Sióstio de Lapa
em 11/03/2022 às 00h01