Iremos fazer reflexão sobre a série documental originária da Netflix “Vida após a morte” que trata sobre o tema vida-morte com relato de pessoas interessadas e capacitadas, sem interesse religioso ou ideológico de qualquer espécie.
Jackson Hole, Wyoming
- Como médica, sei que a maioria das pessoas não pensa na morte até que sejam forçadas a isso. Mas, há 20 anos, eu não estava apenas fisicamente morta, como fiquei morta por um bom tempo. E essa experiência mudou radicalmente tudo sobre o que eu sou e quem sou. Em 1999, eu viajei para o Chile para andar de caiaque. E eu estava ansiosa para chegar à parte do rio conhecida pelas cachoeiras. Entramos no rio e passamos pelas primeiras quedas. Esse rio tem vazão muito alta. Então decidimos ir pela parte menor da primeira grande cachoeira. Fui remando pela correnteza. Tinha outra remadora tentando atravessar aquela parte que foi passando por mim. E o barco dela ficou emperrado na passagem. Então fui forçada a ir pela parte principal da cachoeira. Eu sabia que não seria nada bom. Meu barco ficou preso, e eu fiquei submersa em três metros de água. Eu não estava respirando. Meu tronco estava totalmente prensado na parte da frente do barco. Senti meus ossos quebrando. Achei que estava gritando, mas não estava. Não senti...dor, medo ou pânico. Eu me sentia mais viva do que nunca. Eu podia sentir o meu espírito saindo do meu corpo. E então o meu espírito foi lançado para o Céu. Fui imediatamente recebida por um grupo de criaturas. Não sei como chama-las. Pessoas, espíritos, seres. Não reconheci nenhuma delas. Mas elas tinham sido importantes na história de minha vida de alguma maneira. Como um avô que morreu antes de eu nascer. Ficaram muito felizes em me receber, me acolher e me amar. Esses seres começaram a me levar por um caminho. O caminho estava coberto de centenas de milhares de flores, e senti o aroma das flores. Era uma explosão de todas as cores do universo. Houve uma distorção do tempo e dimensão. Vivenciei toda a eternidade em cada segundo. E cada segundo se expandia para toda a eternidade. O caminho levou a uma grande estrutura abobadada. Eu acreditei que estava no Céu. No mundo de Deus, como quiser chamar. Tive a intensa sensação inebriante de estar em casa. Ao mesmo tempo, eu podia olhar para o rio, onde meu corpo ainda estava submerso na água. O grupo de remadores estava tentando me resgatar. Mas eles não conseguiram. E, depois de uns 15 minutos, desistiram do resgate. Passaram a pensar em como recuperar o corpo. Um dos caras viu o meu colete salva-vidas boiando e pensou que talvez o meu marido fosse querer. Quando ele pegou o colete, sentiu o meu corpo bater na perna dele. Então ele se abaixou na água e pegou o meu pulso. Meu corpo estava inchado e roxo, e meus olhos estavam vidrados. Não tenho nenhuma dúvida de que eu estava fisicamente morta. Mas, da entrada da estrutura abobadada, vi quando eles começaram a reanimação. Eu conseguia ouvi-los. Um dos caras me chamava para voltar e tentar respirar. “Volte. Sei que você ainda está aqui.” Fiquei sem oxigênio por 30 minutos. A probabilidade estatística de sobrevivência devia ter sido zero. Eu não queria voltar para o meu corpo. Tive uma sensação física de ser abraçada, reconfortada, e sentia que estava tudo bem. Mas os seres me disseram que não era a minha hora. Que eu tinha mais coisas a fazer na Terra. E que eu tinha que voltar para o meu corpo. Quando abri os olhos, os caras me reanimaram ficaram impressionados. Eu estava péssima. Claro, tinha acabado de me afogar. Mas também tinha quebrado múltiplos ossos e ligamentos rompidos. E eu estava na beira de um rio no meio do nada. Os caras que me reanimaram me colocaram num barco e começaram a me levar até a encosta. Chegamos a uma estrada de terra. Acharam que alguém traria um trator ou um cavalo. Mas, quando chegamos a estrada de terra, justamente naquele lugar tinha uma ambulância, o que em 1999, no sul do Chile, não existia. Era inexplicável. Demorou algumas horas, mas meus amigos me levaram ao hospital. Disseram ao meu marido que eu não sobreviveria aquela noite. Mas sobrevivi. Fiquei no hospital por mais de um mês. Eu fiz várias cirurgias. Foram meses de reabilitação para eu voltar a andar. E, estatisticamente, eu não tinha chance de sobreviver sem um grave dano cerebral. Mas não tive nenhum dano cerebral. Meus filhos podem dizer outra coisa, mas eu me recuperei completamente. Como médica não vivo no meio de muitas pessoas que falam de coisas como experiência de quase-morte. As pessoas na ciência acham que você não pode acreditar em nada sobrenatural. Quando eu estava na Faculdade de Medicina, para a mim, a morte era definida como a morte física. Mas minha experiência de quase-morte, e o que aconteceu com meu filho dez anos depois mudou muito minha definição de morte. Eu não acredito que nós sabemos tudo.
Este relato está totalmente fora da realidade material do que estudamos em medicina. Como uma pessoa pode ficar 15 minutos sem respirar e voltar a viver (?) sem sequelas cognitivas severas? Felizmente, para dar mais credibilidade ao relato, aconteceu com uma médica, com todos os atributos críticos, racionais, médicos. Isso nos força a aceitar uma outra mecânica que existe na Natureza e que se impõe acima dos nossos construtos racionais associados a rigidez da mecânica material. Nos obriga a procurar outras formas de interpretar a Natureza e sua mecânica que envolve os seres vivos, principalmente os racionais que procuram entender o que se passa na vida que eles sabem possuir e temem que se acabe. Tudo aponta para a existência de forças na Natureza que implica a existência de outra realidade fora da material, e que parece ser de hierarquia superior, que de lá podemos observar os dois planos com mais facilidade, do que nós aqui, presos na dimensão material imaginando que tudo se acaba quando corpo material se desintegrar, voltando à intimidade com a mãe Terra. E se os relatos apontam para isso, por que focamos nossa inteligência no mundo material, querendo adquirir tudo que o corpo precisa para sobreviver com segurança e prazer, mesmo que isso implique em parasitar o próximo, que tem o mesmo interesse e necessidade que nós? Se existe uma justiça aqui no mundo material, hierarquicamente inferior, quão mais justa e forte não será a justiça no mundo espiritual, hierarquicamente superior? É conveniente usar nossa inteligência para adquirir poder e riqueza neste mundo material, usando métodos corruptos, sabendo que todos iremos voltar ao mundo transcendental onde ninguém escapa da justiça? Então, por que não usamos nossa inteligência para se integrar no trabalho de evolução moral, burilando o nosso espírito no embate com os interesses da carne, participando de exército do Cristo que mostrou a forma mais eficiente de nos comportar, construindo a Família Universal, o Reino de Deus, através da prática do amor incondicional?