Iremos fazer reflexão sobre a série documental originária da Netflix “Vida após a morte” que trata sobre o tema vida-morte com relato de pessoas interessadas e capacitadas, sem interesse religioso ou ideológico de qualquer espécie.
CHICAGO
- Quando alguém sobrevive a algo tão catastrófico como a morte, surge um buraco na sua alma. Por dentro se sente desmoronando e se pergunta, qual o sentido disso? Quando as pessoas falam dessa experiência dizem que é algo agradável. Mas não foi o meu caso. Quando conheci o meu marido, Jonathan, nós queríamos ter filhos. Tivemos nossa primeira, Adina. Sem problemas nem complicações. Ela nasceu e voltei ao trabalho oito dias depois. O segundo foi após sete rodadas de fertilização in vitro. E tudo correu bem até o ultrassom de 20 semanas. Fizeram o exame e disseram: “Você está com placenta prévia.” Jonathan, meu marido, estava lá. Eu disse: “Não sei o que é isso, mas tenho um mau pressentimento.” E aí fui pesquisar no Google. Placenta prévia pode se tornar acreta, que é quando a placenta se adere ao útero. Isso pode levar a uma hemorragia, e se isso acontecer, você e o bebê podem morrer. Eu me sentei e disse: “Isso vai acontecer conosco. A diferença é que o bebê vai sobreviver. (Stephanie Arnold)
E o que você pensou?
- Que era uma história típica de gravidez. Embora eu não tenha dito isso. Eu me tornei piloto da Força Aérea, fiz doutorado em economia. Dados são essenciais para mim. Eu brinco que não complico as coisas com palavras e sentimentos, me atenho aos dados. E não tínhamos dados empíricos, então tive a típica reação do marido. Mas fingi que era ciência, então pareceu mais sofisticado. (Jonathan Arnold)
- Era muito difícil expressar meus sentimentos, sobre esse pressentimento sem ter algo palpável para mostrar. Eu disse ao Jonathan: “Não sei o que dizer além do fato de que tenho uma intensa sensação de que algo ruim vai acontecer.” Se alguém me visse no Starbucks e perguntasse da gravidez, eu literalmente dizia: “Vou morrer.” E as premonições continuaram. Eu estava andando no parque. Vi uma fonte seca. Imaginei que a água fluindo da fonte, de repente, virou sangue. E senti meu corpo sangrar. Disse ao Jonathan: “Vá ao pronto-socorro.” Ele estava desesperado. Os médicos me examinaram e disseram: “Não, você está bem.” O Jonathan disse: “Alarme falso.” Mas para mim era mais um aviso. (Stephanie Arnold)
- Eu já tive outras pacientes preocupadas, mas eu diria que Stephanie foi a primeira que disse: “Estou tendo visões nítidas que estão me assustando muito.” Eu tentei validar o medo dela, mas o meu papel é manter a calma. Então, eu estava preocupada, mas não estava em pânico. (Julie Levitt, MD, Obstetrics e Ginecology)
- No dia em que entrei em trabalho de parto, eu estava dando café da manhã para Adina. De repente, havia sangue por todo lado. Disse para a babá: “Vamos para o carro.” Ela foi para o banco do motorista. Eu disse: “Saia. Eu dirijo.” E ela: “Está louca? Está sangrando.” E eu: “Não previ morrer em um acidente de carro.” O Jonathan estava em Nova York a trabalho. (Stephanie Arnold).
- Minha esposa disse que estava indo ao hospital e que eu tinha que correr para Chicago. (Jonathan Arnold)
- Eu sabia que era o dia em que eu ia morrer. A última mensagem que mandei para o Jonathan foi: “Você me fez a mulher mais feliz do mundo. Por favor, cuide do bebê.” Me levaram para a sala onde eu daria a vida ao Jacob e perderia a minha. Puseram uma cortina no meu rosto e me prepararam para a cesariana. Jacob nasceu. Ele estava saudável, feliz. Segundos depois, eu morri. Tudo virou um filme 3D, e eu conseguia ver de fora do meu corpo. Meu ponto de vista estava acima e ao lado do meu corpo, e eu via toda a sala de cirurgia. Vi o anestesista perto dos meus pés. Vi qual enfermeira tentou me reanimar. Nesta outra dimensão, as relações espaciais se alteram. Não tem teto. Não tem paredes. Tudo fica se movendo em várias direções. Vi minha filha em outra parte do hospital com a nossa babá. Vi o que o meu marido vestia quando saiu do avião. E vi espíritos por toda parte. Minha avó, que faleceu quando eu tinha dez anos. O irmão da minha mãe também apareceu. A última coisa que ouvi foi Julie, Dra. Levitt, dizendo: “Isso não pode estar acontecendo.” (Stephanie Arnold)
- A situação era muito grave. Stephanie teve uma embolia por líquido amniótico. Muitos pacientes morrem deste distúrbio porque sofrem hemorragia. E eu, com as mãos sobre o peito, de luvas, olhei ara cima e disse, quase sussurrando: “Isso não pode estar acontecendo.” Ela tinha avisado. Ela sabia que isso ia acontecer. (Dra. Julie Levitt)
- Depois que ouvi a Dra. Levitt, senti um puxão no meu estômago e voltei para o corpo. Fiquei morta por 37 segundos. Passei sete dias em coma induzido. Tive insuficiência renal. Tive que reaprender a andar. E reaprender a falar. Levei muito tempo para me recuperar fisicamente. Quando estava morta, eu sabia que algo extraordinário tinha acontecido. Mas recorri às pessoas presentes naquele dia para me certificar. (Stephanie Arnold)
- A Stephanie e eu nos encontramos para conversar naquele dia. Eu quase não conseguia respirar. Não tinha como ela saber quem estava do lado esquerdo, quem estava à direita, o que eu e os outros disseram na sala de cirurgia. Isso me fez acreditar em mais do que aquilo que conhecemos como arte e ciência. Minha mente médica agora concebe um lugar mais espiritual, algo que não acontecia no passado. Foi uma lição muito real naquele dia. (Dra. Julie Levitt)
- Todos os médicos falaram: “Não tenho uma explicação médica para experiências de quase-morte ou para premonições.” Mas eu as considero um conhecimento que veio de algum lugar. (Stephanie Arnold)
- Não sou dos que acreditam piamente. Mas sei que algo está acontecendo aqui, uma dimensão extra de conhecimento ou cognição que minha esposa tem. Então eu acredito que ela sabia. (Jonathan Arnold)
- Teria sido tão mais fácil passar os três meses anteriores àquele dia se ele tivesse dito isso. Quem eu mais esperava que acreditasse em mim, não acreditou. A pessoa mais importante. Todos podiam me chamar de louca, estressada e tudo mais, menos a pessoa que eu precisava que me protegesse. E foi difícil. (Stephanie Arnold)
- Todos nós, que somos pesquisadores ou cientistas, professores, acadêmicos etc, pesquisamos porque não sabemos tudo. E isso me mostra que existe Deus, ou espíritos, ou algum sentido que temos que ainda não foi identificado. Há algo assim que operou aqui. (Jonathan Arnold).
Este é um relato bem esclarecedor para essas três pessoas: a paciente, o marido e a médica. Todos os três eram céticos com relação a existência de uma dimensão transcendental onde a consciência pode se transportar após a morte do corpo físico. A primeira pessoa que percebeu a situação foi a própria paciente, inicialmente com os sintomas premonitórios, o que não é muito comum. Mas, se aceitamos uma dimensão espiritual onde pode haver ações inteligentes, então é possível o fenômeno da premonição associado a outros que ainda desconhecemos. A segunda pessoa foi a médica que acompanhou o processo, teve conhecimento das premonições e não conseguia entender o relato da paciente, do que aconteceu na sala de cirurgia quando ela estava clinicamente morta. Foi esse impasse que fez a médica rever seus paradigmas e agora aceitar a existência de uma dimensão que antes não existia para ela. O mesmo aconteceu comigo, não foi com uma paciente, mas com livros de autores sérios, de perfil científico, que me mostraram sem duvidas, toda a lógica do que estava acontecendo. Também mudei meus paradigmas e hoje aceito o mundo transcendental, não como fé, mas como parte da natureza. A última pessoa que transformou o modo de pensar foi o marido. Era ele que precisava dar apoio à esposa nos momentos de gravidez com todos aqueles sintomas de premonição. Felizmente ele mudou o modo de pensar e com certeza, se outro momento igual a esse acontecer com qualquer pessoa, ele estará pronto para entender e melhor ajudar.