Proponho refletir hoje sobre o pensamento de Axel Cleeremans, PhD, Psicólogo Cognitivo, que encontrei num documentário da Netflix em 14-04-2022. Foi feito na forma de um diálogo, mas colocarei aqui como monólogo. Vejamos...
Meu principal interesse de pesquisa é a consciência. Como e por que a atividade biológica do cérebro produz experiência consciente.
Consciência é descrita como um dos problemas mais significativos do século 21, ao lado da origem do universo, das origens da vida... e essas grandes questões ainda são mistérios. Entender como a atividade biológica do cérebro produz a mente, o estado mental ainda é um grande mistério.
Uma das dificuldades de se estudar a consciência é que ela é um fenômeno privado. Eu sei que estou consciente. Eu acho que você está consciente. Porque você se comporta de formas que eu espero estarem associadas à consciência, apesar de não poder defini-la. A questão é que eu não tenho acesso ao seu estado mental.
Estamos estudando aqui no laboratório como fazer uma mão robótica se mover com os pensamentos. Coloco um capacete com eletrodos na cabeça da pessoa e vejo quais pensamentos são produzidos para que a mão se mova. Qual a distinção entre pensar nisso e pensar em outra coisa que não a faz se mover e assim vai.
O argumento crucial é que esse comportamento não é nato. Durante seu desenvolvimento, você tem que aprender, seu cérebro tem que aprender a interagir com seu corpo. Isso é parte do que significa estar consciente.
No experimento, a cada 3 segundos haverá uma seta vermelha para a direita na tela de um computador. Quando a pessoa vir essa seta tem que imaginar um movimento com sua mão. Já que a aparelhagem está sintonizada com uma mão robótica à direita, é melhor a pessoa imaginar um movimento da sua mão direita.
Com esse treino a pessoa vai adquirindo a habilidade de movimentar a mão robótica com o pensamento, até o ponto que não terá de fazer nada de especial, basicamente. Todo o esforço de pensar que é feito inicialmente, deixa de existir. A pessoa só deseja que algo se mova e pronto. É o que acontece naturalmente em nossos próprios corpos.
É importante nesse contexto, lembrar que a consciência não é só uma coisa. São diferentes tipos de mecanismos que, juntos, caracterizam a mente humana adulta, que sabemos ser uma mente consciente. Se você é um cientista orientado de forma empírica, como eu, você quer fazer testes. Então o desafio é descobrir como podemos explorar nossos estados mentais de uma perspectiva científica.
Tudo que acontece em nossa vida mental vem da atividade biológica do cérebro. E o cérebro é esse órgão incrivelmente complexo, composto de 88 bilhões de neurônios. Cada neurônio tem uma conexão com cerca de 10.000 outros neurônios.
Como desenhar experimentos que nos ajudarão a entender essa relação entre mente e corpo? Estamos tentando solucionar esse problema tipo: “Como criamos o algoritmo? “
Nosso laboratório está trabalhando na definição do que é consciência, autoconsciência. Sei que há consciência, mas não estamos trabalhando rápido suficiente. Depois de trabalhar 10, 15 anos, penso que estamos quase lá, mas não estamos.
Essa forma de compreender a consciência difere um pouco daquela estudada com as pessoas que passaram pela experiência de quase-morte. A consciência que essas pessoas demonstram possuir quando estão numa situação que o corpo não responde, é diferente daquela consciência que responde através do corpo? Parece ser a mesma, mas quando está na dimensão espiritual, sem poder usar recursos materiais, suas experiências são gravadas de outra forma, que pode ser resgatada quando volta a agir através do corpo, do cérebro. Mas, estamos nos aproximando cada vez mais do conhecimento desse mecanismo.