Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
29/04/2022 00h01
SOCIEDADE IDEAL

            Nós, homens, sempre conseguimos expressar o pensamento e deixar registrado na forma de arte desde a pré-história. Assim, desde o início, sempre haverá a perspectiva do autor que está produzindo o que aconteceu e a perspectiva de quem está observando tal relato, e geralmente não são coincidentes.



            Por necessidade de sobrevivência, tivemos que nos juntar, exibir nossa habilidade em alguma arte em função do coletivo, e hoje a humanidade mostra a competência de trabalhar em equipe, com uma grande diversificação de talentos, profissões, etc.



            Como as forças da natureza eram impiedosas com nossas fraquezas, a luta diária pela sobrevivência exigia a ajuda tanto dos companheiros que tinham o mesmo interesse e medos, quanto dos seres imaginários, poderosos, que podiam ser nossos parceiros se fossem bem satisfeitos.



Começamos a desenvolver rituais que tanto envolvia os nossos adversários da mesma espécie, inclusive com o canibalismo para adquirir a virtude daqueles que foram derrotados, quanto pelos fenômenos da natureza que estavam além da nossa compreensão.



            A procura de proteção pelos seres poderosos que estavam além dos nossos sentidos naturais, levou a formação de diversas religiões ao redor do mundo, como podemos ver hoje, em alguns aspectos dessa diversificação:



            O Judaísmo é a religião do povo judeu e a mais antiga tradição religiosa monoteísta. Existem 14 milhões de judeus no mundo todo e acreditam no Deus, Javé e Jeová, criador do universo, um ser onipresente, onisciente e onipotente.



            O Cristianismo também é uma religião abraâmica, monoteísta, centrada na vida e nos ensinamentos de Jesus de Nazaré, tais como são apresentados no Novo Testamento. Acredita essencialmente em Jesus como o Cristo, Filho de Deus, Salvador e Senhor.



            O Islamismo é uma religião também de base abraâmica, síntese entre fé religiosa e organização política. Fundada pelo profeta árabe Maomé que codificou sua doutrina no livro sagrado, o Corão, que se tornou o fundamento escrito da fé muçulmana.



            O Hinduísmo que respeita a antiguidade e a tradição, a confiança nos livros sagrados, os Vedas, a crença em Deus sob alguma forma e sua adoração em algum aspecto, e gerou o movimento Hare Krishna.



            O Taoísmo é uma tradição filosófica e religiosa originária do Leste Asiático que enfatiza a vida em harmonia com o Tao, que significa caminho. Tem base politeísta e culto aos ancestrais, rituais de exorcismo, alquimia e magia.



            O Budismo é uma doutrina filosófica e espiritual que tem como preceito a busca pelo fim do sofrimento humano e assim alcançar a iluminação. Seus princípios baseiam-se nos ensinamentos de Sidarta Gautama, conhecido como Buda, que significa Desperto, Iluminado.



            O Espiritismo é uma doutrina religiosa de base cristã, de cunho filosófico e científico, cuja principal crença gira em torno da constante evolução espiritual do ser humano através das reencarnações.



            O Jainismo é uma das religiões mais antigas da Índia. Não tem propriamente um deus e propões a não-violência como suprema religião. Deve ser observado esses princípios em pensamento, palavra e ação, em nível individual e social.



            O Xintoísmo é a antiga religião politeísta do Japão. De origem autóctone, se caracteriza pela adoração a divindades que representam as forças da natureza e pela ausência de escrituras sagradas, teologia, busca da salvação, prescrição de condutas e mandamentos.



            Dessa forma, o pensamento religioso se espalha por todo o globo com suas simbologias e formas de conduta, em busca de melhor adequação do homem à natureza.



            Esse sistema de ideias constrói a ideologia que é uma forma de consciência, tanto para legitimar o status social quanto para deixar as multidões alienadas da realidade, que garantem assim os interesses de grupos dominantes e que agem através de: estabelecimento de valores predeterminados (anterioridade), de tornar interesses particulares em interesses gerais (generalização) e ocultar a origem dessas ideias fazendo crer que são naturais e imutáveis (lacuna).



            Essas diversas formas de pensar geram narrativas com o objetivo de melhorar a vida das pessoas e assim geram os modelos sociais que procuram ser hegemônicos na relação de uns com os outros.



            Podemos construir uma espécie de Rosa-dos-Ventos ideológica, da Esquerda para a Direita e do Centro para os Extremos, colocando em cada setor os diversos agrupamentos: Social-Democrata, Socialista, Liberal, Conservador, Tradicionalista, Fascista, Comunista, Anarquista, etc.



            Com a representatividade de cada um desses grupos vamos encontrar os regimes monárquicos, parlamentaristas, presidencialista, republicanos, etc.



            Podemos resumir o conceito de ideologia como um conjunto de ideias, convicções e princípios que caracterizam o pensamento de um indivíduo, grupo, movimento, época ou sociedade, que com os valores instalados em cada uma leva a ação. Esse tipo de ideologia procura criar uma sociedade ideal dentro da dimensão material, considerando ou não a dimensão espiritual, e podemos listar algumas das mais importantes.



            Ideologia Liberal – Desenvolvida no século XVII por John Locke (1632-1704). Coloca plena fé nos direitos, liberdade e individualidade de cada indivíduo. Defende políticas e ações destinadas a proteger os valores sociais. Acredita que o Estado precisa ter menos controle sobre o indivíduo. Considera a livre concorrência, o livre comércio e a liberdade de escolha como os três princípios básicos de uma sociedade livre e feliz e a chave para o progresso. Se opõe fortemente às ideologias do Totalitarismo, do Fascismo, do Nazismo e Comunismo, pois acredita que são destrutivas, que aniquilam a iniciativa individual e a liberdade. Rejeita a ideia de controle total do Estado ou mesmo de controle excessivo do Estado sobre o indivíduo.



            Ideologia Neoliberal – Desenvolvida no século XX após a globalização, por Milton Friedman (1912-2006). Conhecida por ser produto da Ideologia Liberal Clássica, o Neoliberalismo surgiu durante a crise do petróleo, em 1973, através das ideias de Milton Friedman. Assim como o Liberalismo Clássico, essa nova versão da ideologia acredita que o Estado deve ter a menor interferência possível no mercado de trabalho ou até mesmo na vida dos indivíduos. É conhecida e também criticada por opositores, por defender a privatização de empresas estatais e os princípios econômicos do capitalismo.



            Ideologia Fascista – Desenvolvida no século XX por Benito Mussolini (1883-1945) que é considerado o pai do Fascismo. Mostra um extremo nacionalismo militarista, desprezo pela democracia eleitoral e a liberdade política e cultural. Mantém uma crença na hierarquia social e o domínio das elites. Tem foco nas comunidades do povo em que os interesses individuais seriam subordinados ao bem da nação.



            Ideologia Comunista – Desenvolvida no século XIX por Karl Marx (1818-1883). Defende a extinção da luta de classes e das propriedades privadas. Defende um regime político e econômico que proporcione igualdade e justiça social entre os indivíduos. Acredita que o Estado é um instrumento de exploração nas mãos dos ricos, por isso defende uma sociedade sem classes e o Estado. Defende que o sistema político e econômico deve ser controlado pelo proletariado e se opões fortemente ao capitalismo junto com seu sistema de democracia burguesa. É contra o livre comércio e à competição aberta. Na esfera das relações internacionais, condena e rejeita as políticas e ações dos Estados capitalistas.



            Ideologia Democrática – Desenvolvida em 508 aC em Atenas, Grécia. Defende a garantia da igualdade de oportunidades a partir de políticas sociais, sem, no entanto, acabar com a propriedade privada. Acredita que o Estado possa intervir na economia para corrigir desigualdades produzidas pelo livre-mercado. Almeja o bem-estar social sem revolução socialista e sem abrir mão do capitalismo. Seus principais valores são igualdade e liberdade. Defende que o Estado garanta um padrão mínimo de vida, como uma rede de segurança para os indivíduos.



            Ideologia Capitalista – Desenvolvida no século XIII como um sucedâneo do Feudalismo. O Estado deve intervir pouco no mercado de trabalho, e o trabalhador geralmente é assalariado. Os proprietários controlam os fatores de produção e obtém sua renda de sua propriedade. Exige uma economia de mercado livre para ter sucesso e distribuir bens e serviços de acordo com as leis de oferta e demanda. Não há divisão de classes sociais, a propriedade privada predomina. A teoria da Mais-Valia cunhada por Karl Marx, denuncia o grande abismo econômico causado pelo capitalismo, que gera a desigualdade social entre empregadores e empregados.



            Ideologia Conservadora – Desenvolvida no século XVIII por Edmund Burke (1729-1797). Defende os como valores a liberdade política e econômica e ordem social e moral. É fundamentada na doutrina cristã e tem na religião a sua base. Acredita que apenas o sistema político-jurídico garante a igualdade necessária entre as pessoas. Acredita na meritocracia, onde a desigualdade social é consequência das diferenças entre os indivíduos e seus esforços, e que qualquer mudança deve ser leve e gradual.  



            Ideologia Anarquista – Desenvolvida no século XIX por Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865). Defende o estabelecimento de uma sociedade sem classes, formada por livres e iguais. Condena a existência da polícia e das forças armadas. Acredita que os partidos políticos devam ser extintos e que a sociedade deva ser baseada na liberdade total, porém responsável. É contra qualquer tipo de dominação, seja ela de raça, gênero, político, econômico ou social. Da mesma forma, é a favor da igualdade, seja ela de raça, gênero, político, econômico e social. não acredita que o Estado deva ser extinto, mas luta para que ele não represente a vontade do povo.



            Ideologia Nacionalista – Desenvolvida no século XIX pela ação militarista de Napoleão Bonaparte (1769-1821). Enaltece o país, sua cultura, história e povo, e onde os interesses da nação estão acima dos interesses do indivíduo. Defende a cultura de pertencimento e a identificação com a pátria. Acredita na preservação da nação e no cuidado das fronteiras do país, mantendo a língua nativa e as manifestações culturais.



            Ideologia Cristã – Desenvolvida por Jesus de Nazaré, cognominado o Cristo, cujo impacto foi tão profundo na sociedade ocidental que dividiu o calendário em antes e depois do seu surgimento. Defendia que era filho do Deus único e que veio à seu pedido para ensinar à humanidade o caminho da salvação da alma como um bem imortal. Para isto é preciso amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Mesmo o homem construindo a família nuclear, se comportar da mesma forma dentro da comunidade construindo a família universal. Com isto será viabilizado o Reino de Deus dentro do contexto social, da mesma forma que a pessoa já tenha construído sua cidadania nesse Reino dentro do seu coração, com o trabalho de burilamento espiritual, tendo a verdade como princípio, ser capaz de perdoar as ofensas, cultivar as virtudes e podar os vícios e defeito de caráter. A energia para agir dessa forma viria do Amor Incondicional que é a essência do próprio Deus. Entendendo e praticando esses princípios, o homem passará adiante esses princípios, mostrando uma fé baseada na razão e oferecendo a todos a oportunidade de pertencimento a esta mesma ideologia, sem necessidade de agressão, violência ou subjugação.



            Observamos entre essas diferentes ideologias como o pensamento se organiza em função de determinadas situações e procuram trazer soluções para conflitos ou injustiças presentes nas sociedades humanas. Mesmo que tenham um viés maior para o campo materialista ou espiritualista, sempre observaremos uma inclusão maior ou menor de um campo em outro.



            Este evento de extensão universitária tem o propósito de estudar a ideologia mais conveniente para construirmos a sociedade humana ideal que todos nós desejamos.



            Considerando que estamos incluídos na Natureza dentro de um processo evolutivo amplo que envolve todos os seres e a própria existência, consideramos a realidade do mundo material e do mundo espiritual, coexistindo intrinsecamente. Podemos observar dentro dessa evolução, a crescente valorização dos princípios espirituais (amor, conhecimento, responsabilidade, sabedoria razão, moral) e que mantém uma maior hierarquia sobre os princípios materiais (ignorância, lei de causa e efeito, irresponsabilidade, empirismo, instinto).  



            Dessa forma, iremos estudar com mais profundidade a ideologia do Cristianismo, como aquela que mais integra os elementos da materialidade e da espiritualidade, confrontando e comparando com as diversas outras ideologias, no que tem de sintonia ou disparidade, incoerência ou distorção de objetivos.



            Outro dado interessante é que, entre os diversos autores das diversas ideologias, Jesus é considerado o protótipo da perfeição moral que podemos aspirar aqui no mundo material.



            Não poderemos deixar de notar no avançar dos nossos estudos, a grande influência da dimensão espiritual sobre a dimensão material, os valores morais e os valores animais. Como se existe uma guerra entre esses dois valores e que podem se aproximar dos conceitos de mal e de bom. Seria como se existisse dois campos de batalha para essa guerra espiritual acontecer  no mundo material: o campo social, com a conhecidas guerras tradicionais, e o campo individual, cuja arena é o cérebro com sua formação evolutiva, caracterizando o cérebro triúnico (cérebro reptiliano – instintos, reflexos, sobrevivência; cérebro mamífero – emoção, sentimento; e cérebro humano – córtex, cognição, pensamento).



            A Bíblia já adverte, no livro de Jo (40:15-19) a presença de um monstro dentro de nós: “Contemplas agora o Behemoth, que eu fiz contigo, que come a erva como o boi. Eis que a sua força está nos seus lombos, e o seu poder nos músculos do seu ventre. Quando quer, move a sua cauda como cedro; os nervos das suas coxas estão entretecidos. Os seus ossos são como tubos de bronze; a sua ossada é como barras de ferro. Ela é obra-prima de Deus; o que fez o proveu de sua espada.” A casa onde podemos localizar esse monstro energético dentro de nós, é no cérebro reptiliano, e que associa a matéria (tronco cerebral – sobrevivência do corpo) à espiritualidade (córtex cerebral – sobrevivência da alma).



            Para facilitar a expressão desse monstro Behemoth no cérebro, influenciando nossos pensamentos vamos verificar sete comportamentos que visam a preservação do corpo, não importando com o próximo, de natureza egoísta: soberba, gula, preguiça, avareza, inveja, ira e luxúria. São esses comportamentos que iremos estudar na formatação das ideologias e que o Cristo ressaltou principalmente para o grupo que formou de doze pessoas, para que essas informações fossem difundidas que todos tivéssemos oportunidade de ter conhecimento, avaliar e discernir se são úteis ou não para a sociedade ideal que queremos construir.



            Esta será nossa tarefa com este evento.


Publicado por Sióstio de Lapa
em 29/04/2022 às 00h01