Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
11/05/2022 00h01
CORRENDO COM A NATUREZA

            Eram 14 horas quando cheguei no apartamento situado na Praia do Meio. Tinha um compromisso de aula as 17 horas. Essas três horas eram suficientes para eu fazer uma corrida até a Praia do Forte, que fica cerca de um quilômetro de distância.



            O dia estava nublado, mas naquele momento fazia sol. Coloquei o calção e o chapéu protegendo a cabeça e comecei a corrida. Ia pela beira da praia, como sempre faço. As nuvens cobriram o sol e começou a chover. Fiquei contente, gosto de sentir a Natureza de todas as formas e a chuva sempre é bem-vinda para mim. Alimenta meus traços melancólicos, longe depressão, pelo contrário, me sinto mais perto do Criador e de suas criaturas, viventes ou não.



            Prestei atenção aos “maçaricos”, pássaros pequenos que gostam de correr na praia e que mantinham no momento uma postura impávida, de frente para onde a chuva chegava, mostrando as suas penas como um casaco protetor presenteado pelo Criador. Não se incomodavam de fugir de mim, como faziam em dias ensolarados. Se mostravam mais curiosas que atemorizadas, por que alguém com roupas e chapéu preto que corria assim, despreocupado, por dentro da chuva que espantava todos os outros humanos que naquele momento frequentavam a praia.



            Sim, a imagem que os pássaros percebiam está correta. Eu realmente estava correndo por dentro da chuva. Não conseguia distinguir o que havia à minha frente, a não ser que estivesse bem próximo, tudo estava turvo como se eu tivesse correndo dentro das nuvens. Felizmente eu não corria o risco de esbarrar em ninguém, não havia mais ninguém correndo ou andando na praia. Quando eu encontrava alguém no caminho, essas pessoas estavam protegidas por diversos guarda-sóis usados para os banhistas aproveitarem os dias de folga com os seus petiscos e bebidas, agora transformados em guarda-chuvas.



            A chuva molhava o meu chapéu e suas abas caiam sobre meus olhos, dificultando ainda mais a minha visão, mas eu conseguia seguir em frente, sentindo bem forte a Natureza ao meu redor.



            Fui até o Forte dos Reis Magos e fiz a volta, sempre correndo e sentindo a chuva, que diminuía algumas vezes, mas não parava. Neste retorno, a chuva e o vento fizeram um dueto de competência. Sentia os pingos da chuva que agora se tornavam mais grossos e impulsionados pela força do vento parecia um projétil que atingia a minha pele e feria a areia da praia, formando buracos rasos, mas que chegavam a incomodar a passagem contínua dos meus pés descalços sobre eles. Dirigi os meus passos para onde as ondas quebravam na areia, pois elas deixavam o terreno liso e agradável às minhas pisadas. Teria apenas de ter mais cuidado com os espetos de pau e cacos de vidros que pessoas menos cuidadosas deixavam sobre a areia. Já fui vítima certa vez de uma perfuração por espeto de churrasco numa dessas corridas que eu fazia nesta mesma praia.



            Estava chegando de volta ao apartamento. Meu cansaço era inferior à minha alegria de estar tão sintonizado com a Natureza que considero o corpo do físico do Criador. Agradeci por ter sido criado, por ter a graça da consciência imortal e que estarei sempre a existir em tantas dimensões e oportunidades que o corpo físico do Criador me ofereça, dentro da sua proteção e inteligência.


Publicado por Sióstio de Lapa
em 11/05/2022 às 00h01