Consciência – Convoco você, Behemoth, para responder sobre acusações de injustiça que está sendo praticado sobre sua companheira.
Behemoth – Não tenho nenhuma pretensão de praticar justiça com ninguém e que fazendo isso traga prejuízos para o corpo do qual tenho responsabilidade perante Deus, de proteger e cuidar. Foi Ele que me criou com esse objetivo específico, portanto, não posso me envolver com outros assuntos, principalmente de relacionamentos éticos. Tenho uma série de responsabilidades inerentes ao funcionamento do próprio corpo, do qual o Espírito não tem nenhuma contribuição e talvez nem conheça todos. São os diversos núcleos automáticos formados no cérebro que disparam automaticamente quando o corpo sente a necessidade de qualquer substância para a sua manutenção na vida, principalmente os alimentos. Como sei que o tempo deste organismo pelo qual sou responsável é limitado, tenho estruturas mentais chamadas de instintos que fazem o direcionamento comportamental para suprir todas as necessidades que o corpo apresenta. Com relação a ação preventiva da falência do corpo, da morte, tenho os recursos da libido, da sexualidade, para que os gens do meu corpo sejam mantidos na vida, associados aos gens de uma fêmea. Este é o foco da acusação que foi apresentada. Eu não tenho tanta motivação na procura sexual pela companheira, pois sei que ela já está conquistada, que posso dividir os gens do meu corpo como os gens do corpo dela quando quiser. É isso que ela espera. Mas o meu principal interesse é difundir o máximo possível os gens do corpo, pois quanto mais eu fizer isso mais possibilidade eu terei de sucesso reprodutivo. Portanto, é claro que minha motivação maior esteja dirigida as mulheres que estão fora do meu círculo de convivência. Isso justifica os abraços, beijos, massagens e até relações sexuais, quando é possível. O Espírito que gerencia as ações do meu corpo nas relações externas, principalmente, é quem está preocupado com as relações éticas de não prejudicar a terceiros. Procura praticar a ideologia cristã que possui uma série de limitações aos meus interesses. Não posso fazer nada, pois ele é quem tem o comando da vontade. Ele sabe que não pode me destruir, pois isso destruiria o seu próprio corpo. O que pode fazer é entrar em acordo comigo e assim possamos cumprir, cada um, suas atribuições: a minha de proteger e preservar o corpo, na própria vida e na espécie; a dele de fazer a vontade de Deus seguindo a lei do amor incondicional, na relação com o próximo. Assim, é ele o principal réu nessa acusação de injustiça. Ninguém pode me acusar de injusto nas minhas atribuições de cuidar do corpo, pois esta é a tarefa que Deus me deu, como deu a qualquer pessoa que se sinta prejudicada, pois essa sensação de prejuízo também vem do Behemoth que ela possui. Isso porque, o Pai nunca deixou de construir um corpo sem o devido Behemoth para o proteger. De onde vem essa sensação de injustiça que ela tem quando percebe que o meu corpo se relaciona sexualmente com outra mulher? Certamente do Behemoth dela que prefere o corpo do companheiro exclusivamente para o corpo dela, devido o instinto que o seu Behemoth provoca na sua mente. Será que ela não sabia que o meu corpo não tinha este Behemoth, que sou eu? Será que o Espirito não a advertiu dessa condição e que eu poderia me manifestar de acordo com o combinado que eu fiz com ele, com o Espírito do meu corpo? Se ela foi enganada, Consciência, então ela tem razão na sua sensação de injustiça. Eu não tenho nenhuma predileção por ela nem por ninguém. O meu interesse é o interesse do corpo. Quantas mulheres eu possa alcançar, principalmente jovens que possam dividir comigo os gens para a sobrevivência do corpo, eu despertarei o desejo na mente do corpo. Esta é minha obrigação frente a vontade do Deus que me criou e que inspirou que o escritor do livro bíblico de Jó, explicasse. Se o Behemoth dela sabe que iria conviver com um Behemoth que não estaria totalmente preso, e mesmo assim o Espírito dela aceitou a condição, então não pode apresentar acusação de injustiça. Muitos tentam fazer um contrato de convivência prendendo cada um o seu Behemoth, mas a maioria não consegue e prefere romper o contrato com as mentiras constantes. Observamos até padres caindo nessa cilada. O problema do Espírito que administra o meu corpo é que ele diz seguir a lei do amor incondicional e dentro dessa lei tem que se comportar sempre dentro da verdade. Isso para mim são fortes correntes. Lembro que já fui derrotado numa batalha que eu tinha tudo para vencer, ele, o Espírito, estava quase derrotado, mas conseguiu a vitória denunciando o que eu estava prestes a conseguir, alegando que iria prejudicar o próximo. Este limite ético é a grande barreira que o meu Espírito determinou para barrar as minhas pretensões. Mas isso me deixa satisfeito, pois ele não fica também preso à preconceitos que limitariam as minhas ações libidinosas, se não fossem usadas as mentiras. Isto é o que penso e deixo contigo, Consciência, como parte de tua responsabilidade, ponderar o justo e o injusto, se o que acontece, se acusação apresentada, é na verdade uma injustiça.