A professora Lúcia Helena da Nova Acrópole do Brasil, postou no Youtube, em 01-01-2021, um bate-papo interessante sobre o “Que é Deus?”, baseado em “O Livro dos 24 Filósofos” que vale à pena colocarmos aqui os principais pontos para nossa reflexão.
O Livros dos 24 Filósofos é muito antigo. Calcula-se que em no século IV d.C., 24 filósofos que ninguém faz ideia de quem sejam, teriam se reunido para falar de um único assunto: suas impressões sobre Deus. E esse texto que só foi ter uma redação bem mais tarde é reconhecido como um patrimônio da humanidade e inspirou a muita gente boa.
Este livro é conhecido no latim como “Líber XXIV Philosophorum”, foi reconhecido num manuscrito francês do século XII.
Esse encontro fictício entre esses 24 filósofos, nós nunca vamos saber se realmente foram 24 filósofos ou se isso é um símbolo. O número 12 é muito simbólico e o 24 também. Está relacionado às horas do dia, às letras do alfabeto grego. Pode ser realmente um símbolo? De um único autor? Fica difícil imaginar que 24 homens se reuniram em algum lugar em 300 e alguma coisa depois de Cristo para falar de Deus. Cada um deles respondeu a uma pergunta acerca de uma imagem, do que era Deus para eles. E as frases são lindas. Trazem reflexões muito boas.
Temos que primeiro entender que o fato do nome ser “O Livro dos 24 Filósofos”, não significa que sejam filósofos segundo nossa acepção atual. A noção de filósofo dentro desse período clássico e a de um homem que tinha uma vida coerente, uma vida inspirada em valores. Ou seja, honrava as coisas em que acreditava com uma ação, uma vida digna. Portanto, é muito comum que na história antiga, no Estoicismo, se pegassem homens que não tinham sido propriamente filósofos, mas que tinham uma vida heroica, como Múcio Cévola, e se diga: Esse foi um filósofo! É a filosofia de vida que ele honrou e praticou a cada momento de sua trajetória.
Esses homens não podem ser considerados filósofos profissionais, mas sim filósofos daquela chamada “Filosofia da Arte de Viver”, que procuravam alinhar a sua vida com princípios.
Várias vezes teve tentativas de atribuição de uma autoria para essa obra. Alguns disseram que veio de Hermes Trismegisto. Esse documento foi muitas vezes incluído dentro do Corpus dos documentos herméticos. Depois, não. Disseram que não era nada disso, que era algum manuscrito de Aristóteles, que teria sido perdido e recuperado depois. Outros atribuem a um filósofo do século IV, Caio Marius Vitorinus que era gramático retórico, filósofo neoplatônico.
Não há certeza de nada. O que parece ser, segundo as inúmeras citações e contradições, que é de algum momento do século para trás e a sua versão escrita foi encontrada no século XII.
A influência desse trabalho na história da filosofia foi muito grande. Cita-se um monte de nomes que se inspiraram nele. As frases são muito abstratas, muito simbólicas. Até um pouco poéticas, contundentes. Elas são difíceis de entender se você não dá um mergulho, uma aprofundada filosófica para buscar o seu conteúdo de maneira mais escondida nas entrelinhas, a se interpretar.
Fala-se que influenciou Dante Alighieri, Mestre Eckhart, Nicolau de Cusa, grande filósofo renascentista, Giordano Bruno, Martinho Lutero, Robert Fludd, Pascal e Leibniz. Todos teriam lido, se influenciado e citado esse documento.
Eles falavam no século IV. Será que nós estamos adiantados mesmo? Será que avançamos tanto em direção ao futuro? Essas coisas que eram possíveis no século IV, no século XXI dificilmente conseguiríamos. 24 frases com tanta profundidade sobre um tema de tanta importância. Que tipo de evolução é essa? Ganhamos algumas coisas, aprendemos a desenvolver e dominar coisas. Mas desaprendemos a desenvolver e dominar a própria imaginação, criatividade, inteligência e desvendar a própria identidade humana.
Uma coisa importante, falarmos sobre os atributos de Deus faz com que nos aproximemos dEle. E que possamos, talvez, encontrar alguns desses atributos. Como sementes, como potencial dentro de nós.
Irei desenvolver estas reflexões tomando como base o pensamento da professora Lúcia Helena Galvão e colocando as minhas próprias interferências quando considerar conveniente, e deixando aos leitores espaços para demais considerações.