Irei colocar aqui, com poucas adaptações, a aula do Prof. Luiz Raphael Tonon, com estreia no dia 26-06-2022, pelo Centro Dom Bosco, no Youtube, com 58.000 visualizações em 16-07-2022.
Muito cedo comecei a notar uma coisa. Que era ensinado que a Igreja na época feudal controlava tudo, que fazia churrasco de hereges, etc. Eu via os santos medievais, São Bernardo de Clavaral, Santa Edwiges, Santa Isabel da Hungria, agora, essa Idade Média que se escuta na escola, não fazia conexão. O que eu lia das vidas dos santos, não estava batendo. Alguém está mentindo, só que eu não sabia de onde vinha o erro.
Essa dúvida foi crescendo. Um dia fui movido pela raiva. Quando eu estava dentro do Seminário e ouvi o professor de História da Igreja dizer que Lutero deveria ser venerado pela Igreja, pela grande obra reformista que ele fez.
Ouvir isso da boca de um padre, dentro da minha aula de história, dentro do seminário, me deixou com raiva. Desci até a biblioteca do seminário e fui baixar tudo que tivesse nas prateleiras, que estavam todas cheias de poeira, mostrando que eram intocadas durante anos, acredito que depois do Concílio Vaticano II ninguém teve mais interesse nesses estudos.
Comecei a ler e por acaso descobri que o fundador da congregação onde eu estava era o sujeito que tinha comentado os erros dos reformadores protestantes. Santo Afonso tem um tratado inteiro sobre isso. Percebi também que no seminário tem uma prateleira gigante, inteira, sobre Santo Afonso.
Fiz o propósito de ler tudo dentro de um ano, e consegui. Ninguém sabia mais do que eu naquela época, pois eu li tudo. Era até curioso, pois até os padres tiravam dúvidas comigo. Era até estranho, o pessoal não lia o que escrevera o pai espiritual da congregação.
Também passei por essa experiência de me aprofundar nas leituras quando adolescente. Não por raiva como aconteceu com o professor Raphael, mas por necessidade. Eu era sozinho, sem a convivência dos irmãos pois fui criado por minha avó materna, pelas dificuldades que minha mãe tinha de acolher tantos filhos. A minha companhia passou a ser livros e principalmente os gibis, revistas em quadrinhos. Foi aí que a minha imaginação foi crescendo cada vez mais nos princípios da justiça, do amor e do heroísmo. Fazia duelos na fantasia com tampas de garrafa, onde ficava torcendo pela vitória do bem sobre o mal, mas era incapaz de alterar o resultado quando não convinha aos meus interesses. Acredito que essa fase foi bem amis importante que os momentos da escola, pois devido a minha timidez e introspecção eu não consegui me enturmar convenientemente com os colegas. Mas os frutos das minhas leituras facilitaram o meu aprendizado e os meus projetos de vida, contribuindo para eu chegar ao ponto que estou.