Meu Diário
23/11/2022 00h01
MUITO ALÉM DO PERDÃO

            Ao ler o livro, indicado pelo Pai, “A História de um Anjo”, escrito pelo médium Roger Bettini Paranhos, feito com a supervisão do Espírito Hermes, irei reproduzir aqui o trecho que fez grande impacto no comportamento que eu iria realizar e nos conflitos de relacionamentos que possam no futuro aparecer.



            Todos haviam encerrado as atividades recreativas, com exceção do grupo de Gabriel. As crianças o olhavam com profunda admiração e ouviam suas palavras com notável interesse. Visto serem todos espíritos evoluídos, apenas aprisionados temporariamente à personalidade infantil, o assunto das brincadeiras não poderia ser outro: sabedoria.



            Aproximei-me e acompanhei o anjo de Deus, conduzindo a brincadeira:



            - Digam-me, por que devemos perdoar aos nossos semelhantes?



            Mal Gabriel terminou a pergunta e um dos jovenzinhos levantou-se, para melhor ser ouvido, e solicitou a oportunidade de dar a resposta, no que foi autorizado pelo divino instrutor.



            - Devemos perdoar aos nossos irmãos, porque compreender as falhas alheias é um ato de amor e respeito a Deus e àqueles que o nosso Pai colocou em nosso caminho. O perdão ilumina o pecador e o ofendido, enquanto a revolta e a crítica alimentam o ódio e afastam-nos da verdade e do amor de Deus.



            O irmão Hermes teve que segurar-me para que eu não caísse sentado, assombrado com o que via, ou melhor ouvia. Divertindo-se com a minha surpresa, o nobre instrutor esclareceu-me:



            - Calma: lembra, eles são espíritos iluminados, estão apenas temporariamente vivendo a fase infantil. Por detrás destes rostinhos inocentes brilha a luz imortal de grandes sábios.



            A explicação não poderia ser mais clara, mas era difícil manter-me calmo e sereno vendo uma criança, que aparentava uns oito anos de idade, dissertar com tanta sabedoria sobre assuntos de que raros idosos na Terra possuem noção tão clara.



            Observei Gabriel, na forma mais natural e descontraída do mundo, aplaudir e parabenizar o jovenzinho com uma expressão de grande reconhecimento pela bela resposta.



            - Parabéns! Parabéns! Disseste bem. Ganhaste mais dois pontos.



            E, então, o sábio professor acalmou o burburinho do aplauso geral e questionou a todos com um olhar sério, mas fraterno.



            - Mas... digam-me. O que é melhor do que perdoar?



            Fez-se um silêncio geral entre as crianças; todas sabiam que não era momento de responder e, sim, de aprender. Gabriel levantou-se e começou a caminhar entre as crianças sentadas no extenso gramado. Sua luz estava realmente impressionante, naquela tarde; tudo nele parecia mais vivo e mais belo. Tudo nele parecia divino! Seu olhar envolveu os pequeninos com um profundo amor, que imediatamente os cativou. O ato fez-me lembrar Jesus. E, então, aquela voz tranquila e agradável invadiu nossos ouvidos:



            - Minhas crianças, melhor que perdoar é não se sentir ofendido. O perdão implica em receber uma ofensa e guardar mágoa, para após exercitar o ato de perdoar, desculpando o agressor. Mas a beleza maior está em não se magoar quando ofendido. Devemos manter nossos braços abertos para receber o agressor e, envolvidos em luz, encaminharmos este irmão para a paz de Deus através do amor, e, não, através da defesa doentia de um determinado ponto de vista.



            Todos permaneceram quietos, meditativos, assimilando a pérola com que Gabriel os havia presenteado. Ao contrário dos homens, em geral, aquelas palavras tocaram fundo nas crianças. Não entraram por um ouvido e saíram pelo outro, como comumente se diz e como ocorre na grande maioria das vezes.



            Acredito que não cabe comentários, só a sugestão de também meditarmos.



Publicado por Sióstio de Lapa em 23/11/2022 às 00h01


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr