Vejamos uma fábula da floresta, por Caio Coppola, publicada há 3 semanas no Youtube, que considero uma pérola de criatividade dentro da verdade coberta pela mentira e que vou apresentar dividida para não ficar muito cansativa.
Para sucede-lo o Javaporco queria um animal que andasse de quatro, como ele, mas vaidoso que era, fazia questão que o novo governante não o ofuscasse nem o superasse. Encontrou, finalmente, a candidata perfeita. Essa é a companheira Anta. Anunciou o suíno guinchando de emoção. Confie nela, como vocês confiaram em mim.
Foi assim que o Javaporco conseguiu uma proeza, elegeu uma autentica Anta para cuidar de toda a floresta. Infelizmente a vaidade do velho suíno cobrou o seu preço. Em alguns meses a Anta já meteu as patas pelos cascos, toda atrapalhada nas suas ações e toda confusa nas suas ideias. Seus discursos incompreensíveis viravam motivo de chacota entre os bichos. Sua incompetência trouxe mais fome e carestia para a floresta.
Diante desse cenário uma força tarefa de patos e gansos foi designada para investigar os porcos, raposas e lobos.
Presidindo esse inquérito estava o Marreco, muito austero e sisudo que revelou a floresta o maior esquema de corrupção da história do reino animal.
Os bichos passavam necessidade porque as provisões de inverno haviam sido saqueadas por membros do conselho. Enquanto os animais do chão recebiam apenas castanha por semana, a elite do reinado se fartava diariamente com frutos saborosos e raízes suculentas, colhidas ilegalmente nas reservas intocadas da selva. Além disso, todo mês lideranças do Conselho ganhavam ração reforçada porque garantia o seu apoio a todas as medidas propostas pelos suínos e sua Anta fantoche.
Apesar dos esforços para desmentir o Marreco, a verdade sobre o escândalo se espalhou pela selva e diante da comprovação dos crimes, a Assembleia dos animais, por aclamação, decidiu afastar a Anta e enjaular o Javaporco.
Existem momentos em que a verdadeira justiça se esgueira para a realidade e surge a oportunidade de correção de iniquidades. O Marreco aproveitou de seu cargo na floresta, com o apoio de gaviões que iam em busca de provas e delineavam todo o esquema de corrupção, e confrontou o Javaporco e seus asseclas, locupletados nas riquezas da selva. Tiveram que devolver muitos frutos e nozes acumulados e que enviaram para outras florestas, para acumularem o fruto do roubo longe da vista dos bichos que eles estavam enganando. Porem, o Marreco não imaginava a ousadia da Suprema Corte dos Corvos, mancomunados com a gangue de quatro patas e todos lambuzados na lama, que poderá ser vista nos próximos capítulos.