Vejamos uma fábula da floresta, por Caio Coppola, publicada há 3 semanas no Youtube, que considero uma pérola de criatividade dentro da verdade coberta pela mentira e que vou apresentar dividida para não ficar muito cansativa.
Provisoriamente, um velho Morcego assumiu o reinado, afinal de contas ele era o único mamífero que voava, ou seja, ele tinha características tanto dos tucanos quanto dos porcos.
Ocorre que a crise que já era seríssima, foi agravada por uma longa seca, uma praga mortal e um grande incêndio. Eram as maiores tragédias que a floresta já havia enfrentado e os animais em sofrimento clamavam por uma solução milagrosa ou quem sabe, um Salvador da Selva.
Confinado confortavelmente em uma cocheira lá nos fundos do estábulo, o Javaporco, antigo pai dos bichos, enxergou uma oportunidade e voltou a conspirar com velhos aliados.
Aos papagaios pediu que divulgassem seu discurso culpando o novo reinado pelos infortúnios. As corujas, pediu que ensinassem aos filhotes como seu governo havia sido justo e próspero; aos corvos pediu que fosse absorvido, afinal, foi o Javaporco que indicou os pássaros de penas pretas como juízes supremos da floresta.
Com sua habitual astúcia o corvo decano respondeu a pedido do suíno: “Não podemos absolve-lo, há provas contundentes contra a vossa porquice, contudo é possível fazer algo de efeito similar.
O Tribunal dos Corvos reuniu as gralhas, as maritacas, as arapongas e todas as aves de piado insuportável por um anuncio importantíssimo: “Estamos aqui reunidos para reparar uma grave injustiça cometida contra um formidável suíno que tanto contribuiu para a nossa floresta”.
O Corvo seguiu com a leitura do seu parecer. A prisão de autoridade animal não pode se dar por aclamação, ela requer um julgamento formal, conforme decisão de ontem desta Suprema Corte dos Corvos. Assim, declaramos nula a condenação contra o Javaporco, pedimos desculpas pelo seu encarceramento e decretamos sua imediata soltura.
Uma das gralhas menos estúpida, quebrou o silencio sepulcral e questionou o eminente pássaro: “Vossa Corvisse, não seria o caso de realizar um novo julgamento já que há tantas evidências contra o réu?”
O Corvo magistrado já tinha sua resposta na ponta do bico: “Não haverá novo julgamento, pois, o acusado tem idade avançada, nosso velho Javaporco já sofreu demais com esse processo e a floresta perdeu seu direito de puni=lo por algo que aconteceu há tanto tempo”.
As aves quase se depenaram ao bater em revoada para espalhar aos berros a notícia. Ao saber da novidade, micos, macacos, guaxinins, fizeram o L com a palma das mãos e gritavam das copas das árvores: “Porco Livre! Porco Livre! Porco Livre!”
Até alguns tucanos mais desavergonhados desceram de cima do muro para rolar na lama junto com os suínos. E fizeram isso, mesmo sabendo que o barro misturado com esterco estragaria suas penas para sempre e eles nunca mais conseguiram voar.
A porcaria que cobre de lama da iniquidade o nosso país, parece com essa floresta dominada pelo Javaporco. Felizmente nós, humanos, temos a condição de pedir ajuda transcendental, ao Pai que tudo criou e que espera nos ver chegar próximo dEle, mesmo que passemos por provas duríssimas a fim de burilar o nosso espírito.