Nos ensinamentos de Jesus aos seus discípulos recém-formados, Ele sempre insistia na formação do Reino de Deus como sua principal missão. Vejamos como Ele se refere a isso segundo “O Livro de Urântia”, quando usou a palavra na sinagoga de Cafarnaum.
“Eu vim para proclamar o estabelecimento do Reino do meu Pai. E esse Reino deverá incluir as almas adoradoras dos judeus e gentios, dos ricos e pobres, dos livres e escravos porque meu Pai não tem preferência por ninguém. Seu amor e Sua misericórdia estendem-se a todos.
“O Pai dos céus envia o Seu espírito para residir na mente dos homens e, quando houver acabado o meu trabalho na Terra, do mesmo modo, o Espírito da Verdade será efundido sobre toda a carne. Assim, o Espírito da Verdade e o espírito do meu Pai estabelecer-vos-ão no Reino vindouro de compreensão espiritual e retidão divina. O meu Reino não é deste mundo. O Filho do Homem não conduzirá exércitos à batalha para estabelecer um trono de poder nem um reino de glória temporal. Quando o meu Reino houver chegado, vós reconhecereis no Filho do Homem o Príncipe da Paz, a revelação do Pai eterno. Os filhos deste mundo lutam pelo estabelecimento e ampliação dos reinos deste mundo; os meus discípulos, todavia, entrarão no Reino do céu por meio das decisões morais e vitórias espirituais; e, uma vez que hajam entrado, encontrarão alegria, retidão e vida eterna.
“Aqueles que primeiro buscarem entrar no Reino, começando assim a lutar pela nobreza do caráter, como a do meu Pai, possuirão logo tudo o mais que for necessário. E eu vos digo com toda a sinceridade: a menos que busqueis a entrada no Reino, com a fé e a dependência confiada de uma criança pequena, não sereis admitidos de modo nenhum.
“Não sejais enganados por aqueles que vêm dizendo que aqui é o reino ou que acolá está o reino, pois o Reino do meu Pai não concerne às coisas visíveis nem materiais. E este Reino está convosco mesmo agora, pois, onde o espírito de Deus ensina e guia a alma do homem, na realidade, aí está o Reino do céu. E o Reino de Deus é a retidão, a paz e a alegria no Espírito Santo.
“João, de fato batizou todos, como um símbolo de arrependimento e remissão dos vossos pecados, mas, quando entrardes no Reino do céu, sereis batizados pelo Espírito Santo.
“No Reino do meu Pai não haverá judeus nem gentios, apenas os que buscam a perfeição pelo serviço, pois eu declaro; aquele que quer ser grande no Reino do meu Pai deve primeiro transformar-se em um servidor de todos. Se quereis servir aos semelhantes, deveis assentar-vos comigo, no meu Reino, do mesmo modo que, servindo à semelhança da criatura, irei assentar-me dentro em pouco com o meu Pai no Reino dEle.
“Esse novo Reino é como uma semente crescendo em bom solo em um campo. Não dá imediatamente os seus frutos. Há um intervalo de tempo entre o estabelecimento do Reino, na alma do homem, e a hora em que o Reino amadurece, dando os plenos frutos da retidão duradoura e da salvação eterna.
“E o Reino que eu vos proclamo não é um reino de poder e ou abundância. O Reino do céu não é uma questão de comida e bebida, mas, antes, uma vida de retidão progressiva e júbilo crescente no serviço que se perfecciona do meu Pai, que está nos céus. Pois o Pai disse dos seus filhos do mundo: ‘É da minha vontade que sejam finalmente perfeitos, como eu mesmo sou perfeito.’
“Vim para pregar as alegres novas do Reino. Não vim para acrescentar nada às já pesadas cargas daqueles que gostariam de entrar nesse Reino. Eu proclamo um caminho novo e melhor e aqueles que estiverem capacitados para entrar no Reino vindouro e desfrutarão todos do descanso divino. E, não importando o que vos custará, em termos das coisas deste mundo, não importando o preço que ireis pagar neste mundo, para entrar no Reino celeste, recebereis muitas vezes mais, em júbilo e progresso espiritual, na vida eterna nas idades que virão.
“A entrada no Reino do Pai não depende de exércitos que marchem, nem de mudar os reinos deste mundo, nem de que se quebre o jugo sobre os aprisionados. O Reino celeste está ao alcance da mão e todos que entrarem nele encontrarão liberdade abundante e salvação cheia de júbilo.
“Tal Reino é domínio do eterno. Aqueles que entrarem no Reino ascenderão até o meu Pai; e irão certamente alcançar a mão direita da Sua glória no Paraíso. E todos que entrarem no Reino do céu tornar-se-ão filhos de Deus e, nas idades que virão, irão ascender ao Pai. E eu não vim para chamar aqueles que seriam os justos, mas os pecadores e todos aqueles que têm fome e sede da retidão, na perfeição divina.
“João veio pregando o arrependimento para preparar-vos para o Reino; agora venho eu proclamar a fé, a dádiva de Deus, como preço da entrada no Reino do céu. Se apenas acreditardes que o meu Pai vos ama com um amor infinito, então vos estareis no Reino de Deus.”
Depois de assim falar, ele assentou-se. Todos aqueles que o haviam escutado estavam atônitos com as suas palavras. Os seus discípulos maravilhados. Todavia, o povo não estava preparado para receber as boas novas, vindas dos lábios desse Deus-homem. Cerca de um terço dos que o escutaram, acreditou na mensagem, ainda que não pudesse entende-la completamente; cerca de um terço preparou-se, nos seus corações, para rejeitar um conceito tão puramente espiritual do Reino aguardado; enquanto o terço restante não conseguiu nem compreender os seus ensinamentos; e, sendo assim, muitos deles na verdade acreditaram que Jesus “estava fora de si.”
Acredito que essa estatística continua válida nos dias atuais. Se Jesus viesse fazer esse tipo de explicação em qualquer igreja dos nossos dias. Um terço da assembleia poderia até entender parcialmente e pouquíssimos com determinação de colocar em prática; o segundo terço rejeitaria um conceito tão puramente espiritual, prefere lutar pelos benefícios materiais; o terço restante não compreenderia nada do que foi dito, mas continuaria por perto à procura de alguma cura ou alimento.