Na confraternização natalina que fiz em grupo com meus amigos, estudantes do cristianismo, um deles mostrou a mesa onde colocamos os alimentos que trouxemos e um deles citou o Evangelho, justamente na multiplicação dos pães e peixes.
Disse exatamente o que muitos falam como exemplo de que não existem milagres. Dizem que aquele pretenso milagre que o Cristo fez naquele momento nada mais foi do que a partilha de tudo que cada um trouxe, com todos, igual o que estávamos fazendo naquela festa.
Mostrou a nossa mesa como um reforço da verdade que ele queria demonstrar, da inexistência e da impossibilidade de milagres.
Naquele momento achei coerente o argumento do meu amigo e não tive como contestar.
Agora, fazendo nova reflexão, acredito que eu teria argumentos para colocar outra visão, mais coerente com os meus paradigmas de vida.
Diria ao meu amigo que ele estava correto em suas conjecturas que parece fortalecer as posições do socialismo. Mas os escritos dos evangelhos apontam para uma ação miraculosa feita por Jesus, com a permissão de Deus.
Então eu teria que optar por uma das interpretações.
Vendo que uma elimina a presença e participação de Deus e a outra apenas enfatiza a ação humana, eu prefiro ficar com a opção divina.
Mostraria ao meu amigo que ele poderia ser o mais correto dentro da sua forma de pensar o mundo, mas eu me sentiria também mais correto na minha forma de também pensar o mundo.
Estaríamos em campos opostos, com ideologias diferentes, a minha cristã e a dele marxista/socialista.
Poderíamos conviver pacificamente, eu jamais iria forçar a ele pensar como eu, por nenhuma forma de estratégia, nem mesmo usando armas.
O que eu poderia fazer era mostrar a importância dos valores cristãos para criarmos a sociedade do Reino de Deus a partir da transformação do excesso de egoísmo do nosso coração. Tudo de forma pacífica.
Se ele fizesse o mesmo, tentasse minha conversão pelos métodos pacíficos e fraternos, poderíamos viver indefinidamente, como amigos e com pensamentos diferentes.
Acontece que a sua ideologia defende como importante uma ação exclusivamente humana, imanente, sem nenhuma participação do transcendental, que não considera a existência ou a ação de Deus. Parte assim para fazer revolução com o objetivo de conseguir pela força, pelas armas, os seus objetivos, podendo chegar ao cúmulo de assassinar conhecidos e desconhecidos, parentes e amigos, em defesa da causa.
Assim, mostraria a ele que eu ficaria com a ideia do milagre por uma ação divina na qual eu estou incluso e posso caminhar para Deus, agindo com as virtudes que Ele propõe, em busca do Reino que Jesus ensinou.
Continuaria sendo o amigo dele, mas sabendo que um dia ou outro eu poderia ser vítima da sua ideologia, enquanto devido a minha ideologia eu seria o mártir.
Esta seria a verdade que eu agora possuo e que poderia mostrar ao meu amigo, para ver se ele faria novas reflexões.