A questão de nossa paternidade tem pelo menos três níveis: nossos pais biológicos (pai e mãe), nossos pais ancestrais (Adão e Eva), e nosso Pai espiritual (Deus).
Quanto aos pais biológicos não temos a menor dúvida, no meu caso principalmente (Antônio e Maria). Poderia ter ocorrido um erro na maternidade e termos sido entregue a outros pais, acidental ou criminosamente. Mas no meu caso isso não seria possível, pois o meu nascimento se deu em casa, assistido por uma parteira que com todo esforço me puxou da escuridão do útero para a luz da realidade terrena. Até hoje tenho a marca dos seus dedos na minha cabeça.
Quanto aos meus pais ancestrais a coisa fica mais confusa com relação a Adão e Eva. Será que eles existiram realmente? É mais fácil aceitar a teoria de Darwin, de Evolução das Espécies. Justifica a nossa existência a partir de um ser unicelular (tipo ameba) que foi se sofisticando (coacervados) até passar pelos primatas e atingirmos a condição humana.
O terceiro nível de paternidade, Deus, o Criador universal, se torna mais fácil. O nosso racional exige que descubramos a fonte que gerou tudo. Esse Criador só pode ser Deus, ou por qualquer nome que queiramos identificar de acordo com o método que imaginamos. Pode ser chamado de Caos, de Big-Bang, etc.
Fazendo essas reflexões e considerando a doutrina da Santa Igreja Católica, iremos observar algumas incoerências. A crítica que se faz ao pecado original, de Eva e Adão terem comido a fruta proibida, e dessa forma terem nos gerado, fez com que eles perdessem e nós também, a comunhão aberta que havia com Deus.
Acontece que, se não fosse esse pecado original, não teríamos existido e esta discussão aqui neste espaço não estaria havendo. A incoerência leva a pensar que exista outra explicação mais ajustável à ordem das coisas. Isso não implica que tenhamos que destruir toda estrutura do edifício paradigmático no qual funciona a consciência. Simplesmente deixo uma interrogação na incoerência e continuo com meus paradigmas, que neste caso não foram prejudicados na essência. Continuo considerando verdadeiros os três níveis de pais, o biológico, o ancestral e o Criador, colocando agora simplesmente uma interrogação nos pais ancestrais, esperando uma melhor explicação para o comportamento de Adão e Eva no seu relacionamento com Deus e com a conexão do pensamento darwiniano, da origem e evolução das espécies.
Essa forma de pensar, aprender e ajustar meus paradigmas se aplica a qualquer assunto da vida, e, portanto, me sinto flexível em direcionar meu comportamento em direção a verdade e evitando caminhos que se mostram incoerentes ou contrário a minha forma de pensar e agir.