Coloco o título deste texto interrogado e com reticências porque fiquei constrangido por ter uma sensação que o livro sagrado, a Bíblia pode estar elogiando uma ação injusta. Fico constrangido pois posso estar errado, a minha inteligência pode está aquém do necessário para que eu compreenda a verdadeira razão por trás dos fatos relatados.
No 3o. livro bíblico, Números, tem um trecho que relata o desespero dos filhos de Israel, que vinham trazidos por Moisés, pelo deserto, fugindo da escravidão do Faraó do Egito, em busca da Terra Prometida: “1 Toda a multidão pois gritando chorou aquela noite: 2 e todos os filhos de Israel murmuraram contra Moisés e Aarão, dizendo: 3 oxalá que nós tivéssemos falecido no Egito: e oxalá que pereçamos nesta vasta solidão, e que o Senhor nos não introduza nessa terra, por não sermos passados à espada, e nossas mulheres e filhos levados cativo. Acaso não nos é melhor voltar para o Egito? 4 E disseram uns para os outros: constituamos um por nosso capitão, e tornemos para o Egito.”
Podemos observar pelo texto, que esse povo, resgatado da escravidão após tantos feitos milagrosos, não tem a devida consideração por Deus que o retirou do Egito nem por Moisés que fez tudo isso obedecendo à Deus, não mostra nenhuma gratidão pelo benefício que está recebendo. Vejamos a posição de Josué e Caleb, logo a seguir.
“5 O que tendo ouvido Moisés e Aarão, se lançaram por terra à vista de toda a multidão dos filhos de Israel. 6 Josué, porém, filho de Nun, e Caleb filho de Jefone, que também tinham visto a terra, rasgaram os seus vestidos, 7 e disseram a toda a multidão dos filhos de Israel: a terra que nós corremos em roda, é muito boa; 8 se o Senhor nos for propício, Ele nos introduzirá nela, e nos entregará uma terra que mana leite e mel. 9 Não sejais rebeldes contra o Senhor; nem temais a gente desta terra, porque como pão assim os podemos tragar. Eles se acham destituídos de toda a defesa: o Senhor está conosco: não temais.”
Eis aqui a sensação que tenho de um relato de grande injustiça. Um povo que não traz nenhum relato de hostilidade contra esse povo fugido. Um povo que tem a sua terra cobiçada, que recebe gente que fica observando como aves de rapina prontas a irem ao ataque de surpresa. Um povo destituído de defesa, cuja terra é cobiçada por um grupo de escravos fugidos do Egito para escapar à escravidão, agora querem proporcionar um flagelo maior ao povo dessa terra que mana leite e mel: a morte.
Por isso vejo tamanha injustiça contra esse povo da terra que mana leite e mel, por pessoas que devem ser consideradas por eles, com certeza, bandidos e assassinos. Como associar o Deus que Jesus veio apresentar a esse Deus tão diferente?