A benção, uma prática na qual fui introduzido em criança, não tinha para mim muito significado. A minha família, com muita dificuldade de sobrevivência, onde todos tinham que trabalhar inclusive as crianças, tínhamos pouco tempo de irmos à igreja católica, pois todos éramos católicos. Fui um pouco mais afortunado, pois minha mãe devido suas dificuldades com muitos filhos para criar e educar, deixou eu ficar morando com minha avó, que mesmo mantendo as minhas tarefas de trabalho doméstico e de vendedor externo, deu-me mais oportunidade de estudar e de frequentar a igreja. Cheguei a ajudar o padre nas missas e a ser escoteiro com a orientação do mesmo padre.
Nesse período era uma prática, para nós crianças, pedirmos a benção a todos nossos parentes mais idosos, no meu caso principalmente a minha avó com quem eu convivia. Apesar dela ser uma pessoa rígida, que me educava com mão de ferro, devo muitos favores a ela e que não cheguei a compensa-la devidamente como ela esperava, em função das linhas tortas que Deus oferece em nossos caminhos.
Eu era um bom estudante, gostava de ler, principalmente revistas em quadrinhos, já que livros eu não tinha facilidade em conseguir. Apesar da prática em minha família, das leituras que eu fazia, das atividades na igreja, eu não tive uma educação no sentido de ser formado no significado da espiritualidade, no papel dos profetas nem do próprio Jesus. Na minha mente tudo era uma espécie de ritual, incluindo a bênção.
Hoje, depois que percebi a importância da igreja católica na guerra espiritual que se arrasta por nossa existência, vim a saber com mais profundidade o papel de Jesus entre nós, através de diversos livros que informam das revelações espirituais envolvendo o trabalho do Mestre. Fiquei curioso, com a provocação do meu pequeno afilhado de um ano e meses, católico, sempre estar, incentivado pelos pais, me pedindo. Por isso, vim à procura de argumentos para ajustar os meus paradigmas.
A bênção é um voto de felicidade e proteção divina formulado em favor de alguém. É a expressão de um desejo benigno que se dirige a uma pessoa, a um ou vários objetos. Através da própria expressão, se realiza a ação de abençoar.
Com esta informação fico mais consciente do que devo fazer quando for solicitado para abençoar. Posso continuar fazendo como sempre faço, pedir a Deus que abençoe o pedinte. Considero que seja válido, mas acontece que Deus já nos abençoa a todo momento, desde o dia da nossa criação. Acredito que o próprio Deus, que habita dentro de mim, deseja que eu expresse um voto que considere mais necessário para o pedinte.
Então, da próxima vez, e das vezes subsequentes que o meu pequeno afilhado me pedir a bênção, eu irei abençoar: “Seja inteligente, educado e obediente á vontade de Deus em sua vida”. Acredito que essa bênção, de forma repetida, irá incutir no seu psiquismo valores benignos que irão ajustar sua personalidade aos valores cristãos, como é o desejo em nosso círculo familiar.
Por isso posso concluir aqui, que a benção é a procura de uma consagração e não uma simples superstição. Será que poderei voltar a pratica-la de forma ampla depois de tanto tempo de desconsideração?