Vivemos num mundo cercado de incertezas, apesar de muitas coisas objetivas que mostram sua realidade aceitável por todos que não possuam algum tipo de doença mental. Por exemplo, uma cadeira, uma mesa, um computador,,, todos eles confirmamos a sua existência e as pessoas que nos rodeiam atestam a veracidade do que dizemos.
Quando lidamos com questões subjetivas cujos construtos são de natureza individual, onde cada um pega os argumentos que consideram mais importantes e formam os seus paradigmas de realidade que geralmente são diferentes para cada pessoa, como as digitais que os dedos oferecem. Esses paradigmas funcionam como uma bússola em busca da verdade, e como cada pessoa possui um paradigma diferente, podemos entender que cada pessoa também considera o seu como o mais verdadeiro, por isso surge o título deste texto, “A verdade de cada um”.
Constatei essa situação durante os comentários que surgiram após eu ter apresentado ontem no Youtube o tema para considerações sobre a “Independência do mal”. Primeiro, surgiu comentário precoce sobre a finalidade da frota de caravelas dirigidas por Cabral que fez a descoberta do Brasil. Dei uma explicação superficial e orientei para fazer os comentários no final para que não desviássemos do foco da apresentação, pois assim perderíamos o nosso objetivo. A pessoa talvez se sentiu frustrada e não mais interessada no que iria ser abordada, e saiu da sala.
Este é o primeiro aspecto de uma apresentação que é bom que seja bem definido aqui. O apresentador de qualquer tema tem a responsabilidade do que vai expor frente as pessoas que compareceram com esse objetivo. Se o apresentador entra precocemente na compreensão diferente de qualquer convidado, o tema do apresentador sai de foco e assume a prioridade o tema do convidado. Não é isso que os demais que estão presentes vieram para ouvir. Tem alguns temas que são mais abertos e que o apresentador pode permitir que perguntas e comentários possam ser colocadas a qualquer momento, mas mesmo assim nada que se estenda em demasia que termine prejudicando a responsabilidade do apresentador com o seu tema. Aqui temos um bom exemplo do que estou falando. Fiz este texto com o propósito de discutir “A verdade de cada um”, mas passei a explicar o porque não aprofundei o comentário precoce diferente do meu tema na apresentação, e vejamos quanto tempo foi tomado para isso. O texto terminou perdendo a sua qualidade de ser mais enxuto e facilitar a compreensão.
Mas vamos voltar ao tema. No momento dos comentários, falando de política e religião, uma pessoa disse que aceitava a verdade do outro para não ficar envolvido em conflito, pois cada um tem o direito de ter a sua verdade. Isso está correto, como abordamos no início. Porém devemos atentar para um detalhe: em princípio todos estão corretos em defender os seus paradigmas que acredita estar ajustado com a verdade. Mas acontece que cada um pode esta desviado, sem saber, em algum aspecto, da verdade absoluta. Os livros, aulas, palestras, enfim, qualquer manifestação do pensamento humano pode trazer novos argumentos que possam ajustar nossos paradigmas em direção a verdade. Para isso devemos refletir sobre os novos argumentos que a realidade traz para decidir pela racionalidade se tais argumentos são suficientemente fortes para ajustar meu pensamento anterior. Então, quando eu coloco os meus argumentos e outra pessoa coloca os argumentos diferentes dela, não é que isso seja feito para criar conflito, rusga, desavença, ou qualquer tipo de desarmonia afetiva. Serve isso para que cada um reflita nos argumentos de cada um, e se nenhum considera que os argumentos do outro são suficientes para mudar os seus, então cada um tem o direito de permanecerem onde estão. Cada um permanece acreditando que o seu paradigma está mais próximo da verdade absoluta que o paradigma do outro, mas tolera que o outro pense de forma diferente.