Meu Diário
18/09/2023 22h12
O MEDO COMO PONTO DE PARTIDA

            O texto de hoje vai ser produzido com inspiração na literatura dos grupos de mútua ajuda dos Alcoólicos Anônimos (AA). Recebi um conteúdo que aborda um sintoma emocional que tomou conta do nosso país, a partir da prisão em massa de centenas de inocentes que protestavam contra a investida do Mal que estava tomando conta da totalidade de nossas instituições. Nós pensávamos que a única instituição que restava para nos defender eram as Forças Armadas, como já acontecera num passado recente. Fomos covardemente traídos pelos generais de alta patente que não merecem o soldo que pagamos a eles. Agora estamos todos, cidadãos de bem e consciente do que está acontecendo, presos dentro de nossas casas, com medo de sairmos às ruas e sermos presos como nossos conterrâneos em Brasília, no dia 08-01, que deverá ficar marcado na história do Brasil como o dia que as “Onças se transformaram em melancias”. Mas vejamos o que diz o texto dos AA, e se ele nos traz alguma reflexão...



NA OPINIÃO DO BILL 22



O medo como ponto de partida



O que mais estimulava nossos defeitos era o medo egocêntrico – especialmente o medo de perder algo que já possuíamos ou de não ganhar algo que buscávamos. Vivendo numa base de exigências não atendidas, ficávamos num constante estado de perturbação e frustração. Portanto, não conseguíamos a paz, a não ser que pudéssemos encontrar um meio de reduzir essas exigências.



Acredito que este parágrafo se aplica ao que estamos passando. Todos nós, patriotas honestos e que há pouco tempo enchíamos às ruas, é este medo egocêntrico, isto é, que diz respeito a nós mesmo, e que estimula os nossos defeitos, como a preguiça (não levantar do sofá), a vaidade e o orgulho (de sermos presos, humilhados em público), a avareza (de ter os nossos bens surrupiados pela falsa justiça, pelas multas escandalosas). Ficamos murmurando o último defeito de ruminar o ódio dentro de nós sem encontrar formas de expressá-lo no contexto em que circulamos. Ficamos assim neste constante estado de perturbação e frustração, sem encontrar a paz.  



* * *



Apesar de sua costumeira força destrutiva, descobrimos que o medo pode ser o ponto de partida para coisas melhores. Pode ser o caminho para a prudência e para um conveniente respeito em relação aos outros. Ele pode indicar o caminho tanto da justiça como do ódio. E quanto mais respeito e justiça tivermos, mais depressa começamos a encontrar o amor que pode ser muito sofrido e, no entanto, ser dado livremente. Assim sendo, o medo não precisa ser sempre destrutivo, porque as lições de suas consequências podem nos levar a valores positivos.



1 – Os Doze Passos, pág. 662



Grapevine de janeiro de 1962



            Esta segunda paz nos traz a esperança de que a força destruidora do medo pode se transformar em mecanismo para encontrarmos a forma de construirmos o Reino de Deus como ensinado por Jesus há 2.000 anos e que vinha sendo deturpada as Suas lições há séculos. Este momento de medo está nos ensinando a ser prudentes e encontrar o Caminho ensinado por Jesus da Verdade e justiça divina. O amor que nos foi ensinado pode ser muito sofrido, como foi para o Mestre, mas não pode ser destrutivo. A força moral de amar os próprios inimigos, tentando livrá-los da influência do Mal, é a maior arma que nós cristãos possuímos nesta fragorosa batalha espiritual em que estamos inseridos.



            Ave, Cristo! Os que seguem o Mestre se perfilam no campo de batalha.



Publicado por Sióstio de Lapa em 18/09/2023 às 22h12


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr