Meu Diário
24/09/2023 23h51
GUERRA DO IMAGINÁRIO (6) – FRANCES CHESTERTON

            Texto para reflexão dos meus leitores sobre o documentário do Brasil Paralelo, com minha reflexão pessoal.



            O que precisa ficar claro é que, em última instância, Chesterton reagiu contra tudo isso. Ele se rebelou contra a rebelião, para voltar na direção do bom senso. No final desse período, o que ele percebeu foi que, mesmo que a realidade fosse uma ilusão, ela não era um pesadelo, mas um sonho.



            Então, ele disse que o que lhe resgatou foi um pequeno fio de gratidão. Ele saiu desse túnel de depressão. E começando muito jovem, afinal, não tinha terminado a universidade, começou a trabalhar como jornalista.



            A medida que ele foi recordando a sua infância, desse deslumbre da realidade enquanto criança, que ele começou a sair desse período de trevas. E conta com a ajuda da sua esposa, Frances Chesterton (1869 -1918).



            Ele era um homem apaixonado. Conheceu a Frances pela apresentação entre amigos e se apaixonou na hora. Nesse momento já começa a escrever poesias, fica encantado, e para sorte dele, a Frances corresponde a esse amor. E ela foi conseguindo derrubar essas barreiras com Chesterton, conseguindo aproximar mais da religião, do Anglicanismo, e isso ajudou bastante.



            Ele desenvolveu uma visão muito cavalheiresca e nobre de sua responsabilidade para com sua mulher. Chesterton foi acusado, algumas vezes, de não estar de acordo com o feminismo. Mas o que temos a perceber sobre Chesterton é que ele não encarava as mulheres como inferiores. O que ele fazia era coloca-las num pedestal e exaltá-las. Ele achava que elas eram muito boas e muito nobres para estarem envolvidas no esgoto da política, por exemplo.



            A mulher, como Chesterton via, era como uma lareira, não como uma luz elétrica. A luz elétrica é especializada, a lareira não. A lareira é capaz de aquecer, iluminar, cozinhar alimentos... ou seja, existe uma universalidade. Frances, também. Com o passar do tempo do casamento, ela é quem revisa os textos de Chesterton, ajuda muito a ele dar sequencia neste trabalho.



            O enamoramento dele pelo mundo e a glória que ele dava à mulher, pode muito bem ser visto no relacionamento dele com Frances. Um dos temas que ele escreve é depois do casamento. Ele termina falando: “No mundo há muitos e loucos, e nós somos um, e somos sãos”. Se no casamento Chesterton encontrou sua paz, foi a amizade com Hilaire Belloc (1870 – 1953) que o preparou para a guerra. Era um grande historiador inglês de origem francesa, que se torna o melhor amigo de Chesterton.



            Chesterton conheceu Belloc na época da Guerra dos Bôeres (1881 – 1902), que era uma guerra colonial ocorrida na África do Sul. Belloc tem força vital, tem fibra e ideal. Também tinha a peculiaridade de ser católico. E a fé católica era perseguida na Inglaterra há muito tempo.



            Quando Chesterton olha para o Belloc, ele diz que era uma pessoa com apetite humano pela realidade e que ele colocava em ação a razão. A amizade com Belloc fez com que Chesterton compreendesse a cristandade em um sentido europeu mais amplo e católico. É o sujeito que vai convidar o Chesterton pela primeira vez para assistir uma missa.



            Chesterton é um homem que trabalha com crítica literária, com apologia, mas muito do seu senso histórico é dado por essa influência, do seu melhor amigo, Hilaire Belloc. Chesterton esta incomodado com o ambiente intelectual da época. Usando de ironia, chamava essa intelectualidade de pessoas razoáveis, sujeitos que sabiam como resolver todos os problemas do mundo. Resolveu enfrentar essas pessoas publicando livros hereges.



            Com esse título “Heréticos”, polêmico, bombástico, para uma sociedade relativista, o Chesterton lança sua carreira literária no campo do ensaísmo filosófico. Neste livro, basicamente, Chesterton atacava, caridosamente, mas de um modo muito sério.



            Uma evolução de um talento em direção ao cristianismo e que até hoje influencia o nosso pensamento.



Publicado por Sióstio de Lapa em 24/09/2023 às 23h51


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr