Meu Diário
28/10/2023 00h01
ESTRATÉGIA REVOLUCIONÁRIA – 05 JOAQUIM E MARX

            Segundo o pensamento de Bernardo Küster (Uma estratégia revolucionária publicada há 40 anos), publicado pelo Youtube em 16-10-23, e que transcrevo de forma resumida para se tornar mais objetiva com meus cortes e minhas considerações quando sinto a necessidade.



            Um teólogo polonês dizia o seguinte: ninguém teve consciência disso, dessa ideia que uma idade vai sendo gestada dentro da outra, ninguém teve mais consciência disso do que Karl Marx quando elaborou a sua interpretação da história, descrevendo a maneira como cada período era gerado no ventre do anterior. Então, no ventre da idade do Pai, nasce a idade do Filho, no ventre da idade do Filho nasce a idade do Espírito Santo.



            Ele diz que o socialista nasce no ventre do burguês, o burguês nasceu no período feudal. Como no nascimento, há um tempo em que a mãe e o Filho convivem no mesmo corpo. Isso é muito verdade. Depois disso em Hegel, antítese da tese, antítese síntese, vai ver isso em Shellin, vai ver isso na Revolução Francesa, vai ver isso em todos os movimentos revolucionários antigos e modernos.



            Na idade do Pai, seria religiosamente o período da Lei, do Medo, do Sistema Sacerdotal, da Sinagoga e da carne. Na época do Filho, que era a época do Joaquim de Fiore, era a importância sobre o clero, sobre a Igreja organizada. Nessa época tinham começado as Cruzadas, estava nascendo a Santa Inquisição. Você tinha muita força dentro da Igreja e muita Majestade também. Nós estamos no auge da época da Escolástica. A realidade sacramental tornava a Lei desnecessária, a Lei antiga, e por causa da Graça, agora na época do Filho, não é época de boas obras, mas a época da fé que vai gerar boas obras, a época da fé.



            Não é uma época de autonomia, mas é uma época em que o clero representa para todos a presença de Deus. É a época do Filho, é a época da igreja de Roma, da hierarquia, dos libertos do pecado, do começo do dia e da mistura da carne com o espírito através do próprio sacramento, da ordem.



            O período do Espírito Santo é onde aquele ideal monástico do homem fechado no mosteiro, sendo guiado quase que diariamente pela oração e pelo Espírito Santo, pela contemplação. Era o último período da história, segundo ele, em que as graças concedidas ultrapassariam todas as graças, do antigo período, do Pai e até mesmo ultrapassariam as graças do período do Filho. É o tempo do Espírito Santo, segundo Joaquim de Fiore, em que não haveria submissão ao Estado e não haveria sequer submissão às autoridades eclesiásticas. Veja a semelhança com o Boff, da igreja horizontal ou comunitária.



            A contemplação pareceria ser considerada a atitude mais correta em vez das obras e o amor no lugar da Lei.



            Segundo alguns biógrafos do Joaquim de Fiore, essa concepção que Ele criou dessa Igreja quase autônoma, quase sem hierarquia, foi ocasionada por causa da atmosfera apocalíptica muito parecida com hoje todo mundo achar que vai acabar o mundo. Lá também ele achava que ia começar o fim do mundo porque Jerusalém caiu nas mãos dos muçulmanos de vez. Caiu nas mãos de Saladino na terceira Cruzada.



            A Cruzada de Jerusalém que falhou, em 1187 caiu nas mãos dos muçulmanos. O mundo caiu em crise com aquilo, com o fracasso das Cruzadas, a perda de Jerusalém e as heresias imensas que estavam surgindo, dos cátaros, dos albigenses, dos valdenses... tinha uma atmosfera apocalíptica muito grande na época como muitos acham que hoje também tem. E eu também não nego que a situação é inspiradora para isso.



Publicado por Sióstio de Lapa em 28/10/2023 às 00h01


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr