Segundo o pensamento de Bernardo Küster (Uma estratégia revolucionária publicada há 40 anos), publicado pelo Youtube em 16-10-23, e que transcrevo de forma resumida para se tornar mais objetiva com meus cortes e minhas considerações quando sinto a necessidade.
As falhas e os problemas, segundo Joaquim de Fiore, da Igreja, não era por causa apenas do pecado, da deturpação que os homens faziam com a Igreja, mas era porque a Igreja era na sua natureza relativa. Ela estava com data de validade ali para o ano de 1260. Ou seja, nesses esquemas do Joaquim de Fiore a Igreja é relativizada, não é o corpo místico de Cristo que há de perdurar para sempre até o fim dos tempos como diz o catecismo. Ela é um momento da história assim como foi o sistema sacerdotal judeu, depois que chegou Jesus que serviu para a função de trazer Deus para a Terra, o Messias. Agora tem a nova aliança, o Novo Testamento. Vai ter uma nova substituição segundo ele. Se isso é verdade, segundo Joaquim de Fiore, só o Terceiro Período, só o Tempo do Espírito é absoluto.
Tudo deixa de ser autoritário para ser autônomo. Os indivíduos vão ter o Espírito dentro de si próprios, que seria uma espécie de Novíssimo Testamento, a mais nova aliança. É o pensamento, no fim das contas, contrário a Santo Agostinho, que defendia que o ideal do cristianismo, a sua causa final está no futuro, na história. Não no passado, nem no presente, mas no futuro histórico. Naquilo que ele chamava de “intelectos espirituais”, o intelecto espiritual, que era um intelecto espiritualmente formado e não das leis, das letras. Da filosofia. Era um intelecto que se formava apenas pelo Espírito. Não era o “intelecto literales”.
Segundo Joaquim de Fiore a igreja e os sacramentos deixarão de existir no futuro. Não serão mais necessários porque todas as coisas, as pessoas, vão, se relacionar diretamente com o Espírito sem apoio da intervenção da autoridade. Não vai mais precisar, em tese, da igreja. Joaquim de Fiore falava de um Papa angélico, como ele chamava, que representaria essa presença do Espírito sem autoridade. Um Papa que faria com que a hierarquia se transformasse numa espécie de vida monástica, e o laicato também. Todos estariam equiparados, iguais, aí então viria a Nova Era, a perfeição, a contemplação, a liberdade do Espírito. Tudo isso acontecendo segundo a história.
Para Santo Agostinho, fazer essa diferença, o fim vai ser transcendido, Deus vai elevar todos, nada de muito novo vai acontecer nesse mundo. Mas para Joaquim, o novo acontece aqui na história.
O tal Evangelho Eterno de Joaquim de Fiore, era a presença do Espírito divino na vida das pessoas. Ele usa bastante o profeta Joel que fala bastante assim: “vou derramar o Espírito sobre toda a carne”. Tratava-se segundo Joaquim do “Simplex intuito verutat”, a simples apreensão da Verdade. Uma intuição que todo o mundo seria capaz de aprender a Verdade sem precisar de autoridade, de Bispo, de Magistério, de Tradição de escritura, nada! Ou seja, cada um teria o Espírito Divino em si. A história, o desenvolvimento da história humana vi produzindo a liberdade enquanto progride espiritualmente. É uma ideia progressivista ou progressista. O alvo, o fim, está ali adiante, está aqui, não está lá, é aqui, imediato, próximo.