Meu Diário
03/11/2023 00h01
ESTRATÉGIA REVOLUCIONÁRIA – 08 – CONDENAÇÃO DOS HEREGES

            Segundo o pensamento de Bernardo Küster (Uma estratégia revolucionária publicada há 40 anos), publicado pelo Youtube em 16-10-23, e que transcrevo de forma resumida para se tornar mais objetiva com meus cortes e minhas considerações quando sinto a necessidade.



            Os Franciscanos da época, chamados espirituais, utilizaram muitas das profecias e dos escritos   de Joaquim de Fiore e aplicaram na própria Ordem e até revoltaram-se contra a Igreja. Muitos deles disseram coisas horríveis sobre o papado, sobre a hierarquia, sobre tudo. Foram punidos duramente pela Igreja, os franciscanos espirituais da época. Depois, os iluministas da Revolução Francesa também pegaram as ideias do Joaquim de Fiore, criando uma espécie de um terceiro período na história em que todos haveriam de ser ensinados pela luz interior. Não é luz espiritual, mas é luz da razão, o Reino da Razão.



            O movimento socialista também se baseia nas mesmas ideias, quando pretende uma sociedade sem classe, uma sociedade absolutamente horizontalizada, sem verticalidade, em que todos seriam diretamente responsáveis perante os princípios fundamentais do homem sem classe, sem interesses.



            Esses movimentos revolucionários que a gente tem no mundo inteiro, sempre tem um fundo de Joaquim de Fiore



            São Tomás de Aquino na época em que foi praticamente contemporâneo de Joaquim de Fiore e São Boaventura, combateram veementemente a heresia do Joaquim.



            Hoje o Joaquim de Fiore é bem-aventurado. Ele não é venerável, nem santo, nem beato, mas é bem-aventurado. Apesar de tudo, ele tinha uma vida acética, foi considerado por muitos santos, foi muito benquisto. Mas vale mencionar algumas menções das condenações que ocorreram à época.



            Ele tinha ideias muito erradas sobre a Santíssima Trindade e que foram formalmente condenadas no quarto Concílio de Latrão em 1215, sob o pontificado de Inocêncio III, 13 anos após a sua morte.



            Em 1255, o Papa Alexandre IV condenou o livro Concórdia do Joaquim de Fiore que era uma obra que ele fazia a interpretação do Antigo e Novo Testamento juntos e condenou também a obra do seu principal discípulo que foi o Gerardo de Borgo San Donnino num livro chamado “Liber introdutórios Evangelho Metero”. Essa obra que foi condenada como herética, declarava que os próprios textos do abade Joaquim de Fiore eram o mesmo Evangelho Eterno que estava para ser revelado.



            Então, seu discípulo principal dizia que o Evangelho Eterno já veio, que eram os textos do Joaquim de Fiore, que deviam ser lidos. Eles são a palavra da Era do Espírito. Joaquim de Fiore é o evangelista do Fim dos Tempos, ele é o novo Profeta, a testemunha, etc.



            Finalmente, em 1263, o Sínodo dos Bispos de Arles, na França, condenou os escritos de Joaquim de Fiore.



            Então houve pelo menos três condenações, uma de um Concílio, uma de um Papa e outra de um Sínodo. Então, em várias instâncias as suas ideias foram combatidas pela Santa Igreja.



            No entanto, apesar de tudo isso, um dos seus quase contemporâneos também, Dante Alighieri falou de Joaquim de Fiore na Divina Comédia devido a fama de santidade que ele tinha, era querido por muita gente, Papas, etc.



            O próprio Ricardo Coração de Leão quando foi `Terra Santa na Terceira Cruzada em Jerusalém foi lá para a Abadia conversar com Joaquim de Fiore para ouvir o que ele poderia dizer sobre ele, dar interpretações... ele já foi visitar papas para dar a interpretação do Apocalipse, tem um livro sobre isso.



            Joaquim foi um homem de muitas faces, muitas condenações, muitas apreciações, que não dar para dizer que é simplesmente um maluco, não é bem assim.



Publicado por Sióstio de Lapa em 03/11/2023 às 00h01


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr