Meu Diário
06/11/2023 00h01
IGREJA COMBATENTE

            A guerra espiritual milenar que acontece desde os primórdios da vida humana, tem seus momentos de alta e baixa para ambos os lados, considerados como Bem e Mal. O primeiro que deve seguir a vontade do Criador, de que os seus filhos mais evoluídos, portadores de livre arbítrio e racionalidade, consigam purificar os seus espíritos simples e ignorantes como foram criados e com suas próprias forças se aproximarem do centro da divindade. O segundo lado considerado como Mal é simplesmente a ação do livre arbítrio se desviando dos caminhos de Deus, trazendo a desarmonia na natureza. Estes erros provocados pela ignorância do indivíduo devem ser corrigidos ao longo do tempo pela ação da inteligência que descobre a sabedoria. É essa capacidade de distinguir entre o Bem e o Mal, saber o que é mentira e falsa narrativa, que nos tira dos caminhos do pecado e faz com tenhamos a disposição de entrar pela porta estreita e seguir pelo Caminho da Verdade em busca da Vida eterna como o Cristo nos ensinou.



            Foi a vinda do Cristo entre nós que nos ensinou com clareza todo o procedimento necessário para que não errássemos o Caminho. Foi formada uma Igreja Universal (católica) a partir dos 12 que Ele pessoalmente instruiu e na construção hierárquica dessa Igreja dirigida por um Papa que seguiu através dos séculos no tempo agora dividido como antes e depois de Cristo.



            Apesar dos erros devido a natureza humana na condução dessa Igreja, os princípios cristãos reforçados pela “Palavra de Deus” encontrada na Bíblia, sempre foram o foco do trabalho dos apóstolos desde o início, dirigidos pela escolha dos sucessores de Pedro, o primeiro Papa, desde o início.



            Nesse contexto, podemos entender o Cristo como o grande comandante nessa guerra espiritual, reconhecido desde a sua vitória contra o Mal nas tentações do deserto ou no alto de uma cruz, que permanece agindo na dimensão espiritual, mas na dimensão material deixou o comando com Pedro e seus sucessores.



            Com esta compreensão, observamos papas da extirpe de São Pio X fazendo um combate ferrenho às forças do Mal através da sua Carta Encíclica “Pascendi Dominici Gregis” (08-09-1907), que escreve aos patriarcas, primazes, arcebispos, bispos e outros ordinários em paz e comunhão com a Sé Apostólica sobre as doutrinas modernistas, da seguinte forma, em seu trecho introdutório:



            “A missão que nos foi divinamente confiada de apascentar o rebanho do Senhor, entre os principais deveres impostos por Cristo, conta os de guardar com todo o desvelo o depósito da fé transmitida aos Santos, repudiando as profanas novidades de palavras e as oposições de uma ciência enganadora. E, na verdade, esta providência do Supremo Pastor foi em todo o tempo necessária à Igreja Católica; porquanto, devido ao inimigo do gênero humano nunca faltaram homens de perverso dizer (At 20,30 – E dentre vocês mesmos se levantarão homens que torcerão a verdade, a fim de atrair os discípulos), vaníloquos (que fala à toa, palavras inúteis ou sem sentido) e sedutores, que caídos eles em erro arrastam os mais ao erro (2 Tim 3,13 – Mas os homens maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados). Contudo, há mister confessar que nestes últimos tempos cresceu sobremaneira o número dos inimigos da Cruz de Cristo, os quais, com artifícios de todo ardilosos, se esforçam por baldar a virtude vivificante da Igreja e solapar pelos alicerces, se dado lhes fosse, o mesmo reino de Jesus Cristo. Por isto não nos é lícito calar para não parecer faltarmos ao Nosso santíssimo dever, e para que se Nos não acuse de descuido de nossa obrigação, a benignidade de que, na esperança de melhores disposições, até agora usamos.”



            Reconheço nesse Papa um digno comandante da Igreja Combatente, substituindo o nosso Mestre e Senhor Jesus Cristo. Ele consegue discernir com clareza as artimanhas do maligno que influencia a mente de pessoas que já possuem disposição para agir de forma sinistra, causando aos irmãos aquilo que não querem ser feitos a eles, sempre no intuito de adquirem poder e bens materiais à base de corrupção, mentiras e falsas narrativas. Irei reproduzir esta Carta Encíclica na íntegra, que tem mais de um século de publicada, mas que continua tão atual quanto antes, com o agravante que hoje os adversários do Cristo estão bem mais fortalecidos, que chegam a um ponto de estarem trabalhando para inverter todo o trabalho que o Cristo deixou para desenvolvermos. Colocarei sempre alguns comentários quando considerar pertinente e espero que meus leitores facam a devida reflexão do momento crítico que estamos vivendo.



Publicado por Sióstio de Lapa em 06/11/2023 às 00h01


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr