Continuamos com a reprodução comentada da Carta Encíclica do Papa São Pio X, publicada em 08-09-1907. Esta é a primeira parte da primeira parte, onde o Papa faz a “Exposição do Sistema e sua Divisão” começando pelo “O Modernista Filósofo”.
De que modo, porém os modernistas passam do agnosticismo, que é puro estado de ignorância, para o ateísmo científico e histórico que, ao contrário, é estado de positiva negação, e por isso, com que lógica, do não saber se Deus interveio ou não na história do gênero humano, passam a tudo explicar na mesma história, pondo Deus de parte, como se na realidade não tivesse intervindo, quem o souber que o explique.
Há, entretanto, para eles uma coisa fixa e determinada, que é o dever ser ateia a ciência a par da história, em cujas raias não haja lugar senão para os fenômenos, repelido de uma vez, Deus e tudo que é divino. E dessa absurdíssima doutrina ver-se-á, dentro em pouco, que coisas seremos obrigados a deduzir a respeito da augusta Pessoa de Cristo, dos mistérios e da sua vida e morte, da sua ressurreição e ascenção ao céu.
Este agnosticismo, porém, na doutrina dos modernistas, não constitui senão a parte negativa; a positiva acha-se toda na imanência vital
O Santo Papa explica como os modernistas passam do agnosticismo que ainda estão na dúvida, na ignorância da existência de Deus, que pode ou não existir, mas que não se é capaz de saber com certeza, para a condição de ateu que não acredita em Deus e nega sua existência. Fica bem clara a palavra com o preposto grego “A”, negação: A(não)teu(Deus) e A(não)gnóstico(saber). Não há Deus x Não há saber. O ateu não acredita em deuses e nega sua existência; o agnóstico afirma que não há certeza se os deuses existem ou não. O ateísmo científico e histórico é a positiva negação da existência de Deus, que tudo é explicado pela ciência, que não há intervenção de Deus na história humana. Pensando assim os modernistas entendem que a ciência e os cientistas devem ser obrigatoriamente ateus, que devem repelir tudo que é divino. Toda a palavra escrita na Bíblia que entendemos ter sido intuída por Deus aos homens que procuravam seguir os seus conselhos, não reflete a realidade. O nosso modelo de ser humano, Jesus Cristo, com seu comportamento de mestre, de ensinar a realidade além da dimensão material, da paternidade de Deus do qual ele era um filho declarado, da fraternidade universal, do amor incondicional, não passava de uma pessoa comum, revolucionária, cujos discípulos inventaram a falsa narrativa da ressurreição e da ascenção ao céu. O padre simpatizante dessa nova forma de pensar, está desistindo de todos os estudos adquiridos no seminário e está pronto a entrar na nova linha revolucionária dos marxistas, socialistas e comunistas, defensores e participantes dos movimentos armados que se organizam em todos os lugares do planeta, inclusive aqui no Brasil. Agora este padre é um discípulo do ateísmo científico, mesmo que ainda vista batina, e isso ainda o torna mais perigoso como inimigo do Cristianismo, pois ele está disfarçado dentro da Santa Igreja como um destruidor das colunas da fé, do sacerdócio cristão. Agora, na guerra espiritual milenar, depois da vitória de Cristo na cruz, o demônio encontrou uma nova ofensiva, de colocar os seus adeptos disfarçados de cristãos dentro da própria igreja e com cargos dentro dela. Devagarinho chegaremos ao Papa, assim pensavam eles, assim parece que estão conseguindo.