Outra batalha interna que enfrentei nestes últimos dias foi com a cabeça da avareza do Behemoth. Esta é uma cabeça que já pensei ter domesticado a contento, não pensei que ela fosse me derrotar neste confronto, mas aconteceu.
Foi num dia que eu tinha aula na disciplina de Medicina, Saúde e Espiritualidade no Hospital Universitário às 17 horas. A aula seria dada por um colega que já devia estar na sala, pois eu estava chegando em cima da hora.
Neste horário, as 17 horas, muitos alunos já saíram do hospital e o estacionamento estava mais vago, sempre consigo estacionar dentro do prédio, pois geralmente está lotado. Quando cheguei no portão do estacionamento percebi que na parte alta, mais próximo da porta por onde eu iria entrar, tinha uma vaga. Dirigi-me para lá, pois teria mais tempo para chegar. Acontece que para entrar na vaga eu teria de manobrar entre vários carros que ainda permaneciam estacionados. Era possível entrar na vaga, mas deveria ter cuidado na manobra. Pela pressa de chegar logo na sala de aula, terminei danificando o meu carro que danificou o carro que estava ao lado. Percebi que havia feito um estrago no carro ao lado, mas ninguém percebeu e eu tinha que ir logo para a sala de aula. Deixei o carro onde estacionei e fui apressado para a sala, torcendo intimamente que a pessoa não percebesse o estrago em seu carro e fizesse a conexão com o meu, pois isso já aconteceu diversas vezes com o meu carro, só vou perceber que foi danificado muito tempo depois, sem saber quem causou o problema.
Depois que terminou a aula e cheguei ao carro, encontrei a proprietária do carro danificado a me esperar. Trocamos os contatos por celular e dei autorização para ela ver um orçamento de despesa para consertar o seu carro. Não fiz nenhuma tentativa de barganha, pois reconheci que o erro foi meu e que teria de pagar por ele.
Ela fez o orçamento numa oficina, me mostrou os valores e fiquei de ir até a oficina negociar o pagamento parcelado no cartão de crédito. Mas o gerente disse que não seria possível parcelar com mesmo valor. O pagamento deveria ser no pix ou no cartão de débito. Como não tinha tempo de renegociar essa despesa com outra oficina, combinei com dona do carro afetado que iria repassar para ela o valor correspondente ao orçamento para evitar terceiros em nosso compromisso financeiro. Ela agradeceu a solução rápida e sem constrangimentos do problema gerado, e eu agradeci de volta e me desculpando por ter sido o autor do problema.
Mas a minha maior preocupação era com a justiça divina. Eu sabia que tinha feito a coisa errada. Eu não podia ter deixado o carro danificado sem o celular no para-brisa, informando quem era o autor do problema. Simplesmente fui embora sem deixar aviso, torcendo para não ser identificado. Nesse momento recebi o nocaute da cabeça da avareza do Behemoth. Todo o meu comportamento a seguir foi só para cumprir o protocolo racional do adversário derrotado. Fui testado pelo Pai nesta batalha íntima e perdi a contenda.
Resta pedir ao Pai perdão por minha fraqueza moral e procurar me fortalecer para vencer em outra prova semelhante.
Este espaço serve, desta maneira, como um confessionário, reconheço meu pecado, o confesso e estou disposto a pagar a penitência, que o Pai certamente vai me indicar na sua imensa sabedoria.