O dia 15 de novembro é festejado entre nós como uma data importante para a nossa nação, foi proclamada a República, tirando a Monarquia do poder.
Esta é uma forma de manter o nosso povo de olhos vendados para a verdade dos fatos. Nosso povo não estava reivindicando essa mudança de poder, nós estávamos satisfeitos com a Monarquia. Tínhamos um rei que governava sintonizado com o povo, que era respeitado em todo o mundo.
Acontece que a Proclamação da República foi um golpe militar que marcou o fim do Império do Brasil, executada pelo Marechal Deodoro da Fonseca, tido como amigo do Monarca, Dom Pedro II. Algumas questões podem ser elencadas como pivores dessa traição. Uma dessas foi a questão religiosa.
Em 1864, o papa Pio IX determinou a excomungação de todos os católicos que tivessem envolvimento com a Maçonaria, instituição muito influenciada pelo positivismo e que tinha muitos representantes no Brasil. O próprio D. Pedro II, que embora não fosse efetivamente maçom, possuía forte relação com os seus membros. Os bispos Dom Vital Maria, de Olinda, e Dom Macedo Costa, de Belém, decidiram cumprir a ordem do Papa e acabaram sendo punidos com prisão e trabalhos forçados. Isso foi visto pela Igreja Católica como um ato autoritário e passou a se afastar do imperador.
A abolição da escravatura foi outro motivo que levou descontentamento e críticas ao império por parte da elite que dependia da mão-de-obra escrava. Tiveram que libertar os escravos após a assinatura da Lei Áurea e não receberam nenhuma indenização por parte do governo central
Também podemos acrescentar como mais um pivô para a traição do Marechal Deodoro, o conflito armado no qual o Brasil envolveu-se na Guerra do Paraguai (1864-1870). Embora o Brasil tenha vencido, a guerra trouxe uma grande baixa entre os que combateram ao lado do império brasileiro e também um grande endividamento com a Inglaterra, trazendo um forte desgaste político ao imperador.
Interessante que o Marechal Deodoro tinha fortes convicções monarquistas, como atestam trechos de duas cartas que ele escreveu ao seu sobrinho Clodoaldo Fonseca, aluno da Escola Militar de Porto Alegre:
“República no Brasil é coisa impossível porque será uma verdadeira desgraça. Os brasileiros estão e estarão muito mal-educados para republicanos. O único sustentáculo do nosso Brasil é a monarquia. Se mal com ela, pior sem ela.”
“Não te metas em questões republicanas, porque República no Brasil e desgraça completa é a mesma coisa, os brasileiros nunca se prepararão para isso, porque sempre lhes faltarão educação e respeito.”
Mas o que chama a atenção em toda essa história é a ingratidão do Marechal para com seu imperador, do qual mantinha uma amizade de longa data.
Em 1842, quando deixou sua terra natal de Alagoas em viagem ao Rio de Janeiro, com 15 anos de idade, Deodoro passou por grandes dificuldades, e pediu uma audiência com o então jovem imperador. No dramático apelo ao imperador disse que era filho de um Capitão-do-mato sem recursos suficientes para manter a numerosa família (13 filhos e a mulher, Dona Rosa da Fonseca) e que fizera uma penosa viagem de aventura confiando na magnanimidade do grande Soberano. Ouvindo atentamente, Dom Pedro II bastante comovido diante do apelo do angustiado alagoano, determinou que Deodoro fosse abrigado no próprio Palácio Imperial de São Cristóvão, onde foi tratado quase como um membro da Família Imperial. Dom Pedro II matriculou Deodoro no prestigiado Colégio Militar com recomendações especiais, onde Deodoro começou sua carreira no Exército Imperial. Mais tarde, o imperador ajudou os outros irmãos de Deodoro a entrarem na Carreira Militar. Durante 47 anos de amizade, Deodoro da Fonseca tratava do Imperador quase como um Pai, visitando a Família Imperial no Palácio, onde antes foi abrigado, sempre que podia. Porém, ao meio-dia de 15 de novembro de 1889, Dom Pedro II recebe a notícia mais chocante de sua vida, ao ler a carta recebida do major Frederico Sólon, onde estava escrita a Proclamação da República Brasileira, a destituição do trono, e exigia que o Monarca deixasse o País dentro das próximas 24 horas. A mensagem não continha assinatura do remetente. Sua Majestade indagou: “o Manuel (como chamava ele a Deodoro) já sabe disto?” “É ele o líder do movimento!” informou o emissário Sólon. Ninguém poderia calcular a profundidade da dor íntima sentida pelo Monarca àquela hora! E o Imperador então exclama furioso quase perdendo a voz “Vocês perderam a cabeça!?” Logo em seguida o Imperador, a Imperatriz Tereza Cristina, amigos e empregados da Família Imperial irromperam em prantos convulsos, numa crise de angústia irreprimível, ao saberem de quem partira aquele ato cruel, impiedoso, jamais esperado... Apenas a Princesa Isabel e o Conde d’Eu permaneceram calmos naquele momento, já pensando nas preparações para a partida para o exílio. (O NORTE FLUMINENSE, Bom Jesus do Itabapoana (RJ) – Jornal fundado por Ézio Martins Bastos em 25 de dezembro de 1946 e dirigido por Luciano Augusto Bastos no período de 2003-2011. E-mail: onortefluminense@hotmail.com).
Com estas observações, não seria mais coerente lembrar essa data como o Dia da Traição? Quando um amigo covarde não soube enfrentar a pressão adversária golpeou de morte um governo honesto com o povo brasileiro e abriu as portas para os corruptos de todas as cores que governam até hoje se fantasiando de democratas, e colocando o povo em nova forma de escravatura, esta muito pior, pois a maioria não sabe que é escrava, apenas lutam pela sobrevivência recebendo bolsas para repetir chavões como mantras de sua ignorância.