Neste livro, “O Pastor de Hermas”, o Anjo da Penitência admoesta Hermas a purificar a própria família de todo o mal, de chamar todos à penitência.
Considero que essa admoestação serve para os dias atuais. Observo que, com a minha conscientização dos ensinamentos de Jesus, tenho a obrigação de orientar a purificação da minha família que agora está bem maior: da família tradicional, nuclear, passando pela ampliada para chegar à família universal.
Como cristão que sou, procurando seguir as diversas admoestações que o Pai nos envia de muitas formas, o livro mostra as diversas classes de cristãos, tanto bons quanto maus, que existem desde o início do cristianismo.
São bispos, sacerdotes, diáconos que ministram os seus ofícios dignamente perante Deus, mas também de sacerdotes que eram dados ao julgamento, orgulhosos, negligentes e ambiciosos, e de diáconos que se haviam apropriado do dinheiro destinado às viúvas e órfãos, como vemos acontecer com as doações feitas durante a Campanha da Fraternidade que são desviados para setores fora do âmbito do Cristianismo.
Lemos sobre mártires cujos corações nunca vacilaram por um momento, mas também sobre apóstatas, traidores e delatores; aqueles que apostataram meramente por interesses mundanos, covardia, e aqueles que não se envergonham de amaldiçoar a Deus e aos companheiros cristãos, como se fossem bárbaros babando por interesses pessoais, como foi o triste cenário do dia 8 de janeiro em Brasília, onde tantos cristãos foram presos e mantidos de forma injusta em celas coletivas quando defendiam com Bíblias nas mãos o direito à liberdade, a verdade, a justiça.
Observamos conversos da plebe que não têm nenhuma mancha de pecado e de todos os tipos de pecadores no meio da realeza, da academia, dos tribunais, do clero. Pessoas ricas e doutas que desdenham dos irmãos mais pobres e ignorantes, e também de Cristãos bons e caridosos; de bons Cristãos por faltas menores e de simuladores e hipócritas; de hereges e de pessoas em dúvida que lutam para encontrar o caminho da justiça.
Esse livro de Hermas é um grande exame autoexame da parte da Igreja de Roma e de seus Cristãos, dentro e fora dela.
A conduta covarde de muitos cristãos se devia em grande parte ao período de relativa paz pela qual esses membros se estabeleceram em uma posição de conforto, fizeram fortuna e até mesmo ganharam prestígio entre os seus vizinhos pagãos, apenas para se encontrarem depois tomados pelo horror de uma grande perseguição.
Outros tantos são cooptados por interesses materiais ou desviados por narrativas trevosas acima dos ensinamentos do Cristo. Chegam a assumir poderes nacionais com a bandeira do Cristianismo para depois deportarem padres e freiras, como aconteceu na Nicarágua, quando esses Cristãos, honestos, percebem o erro que fizeram e não aceitam as condutas anticristãs. No Brasil ficou mais séria a investida das Trevas. Aqui foram cooptados Bispos que desviaram o interesse de praticar os ensinamentos do Cristo, tendo Ele como centro, para desviar para o interesse para os pobres, tendo o Marxismo como fonte de orientação que leva à luta de classes, e à revolução.