Reconheço que a minha vida aqui na Terra se desenvolve em duas dimensões: material e espiritual. Fui criado por Deus como uma fagulha espiritual, simples e ignorante, mas dentro de mim o fulgor do Pai, como também existe em todos os meus irmãos. Para evoluir no aprendizado em busca da sabedoria devo vir para a dimensão material e assumir a administração de um corpo para começar a aprender tudo o que preciso. No início, como fase de alfabetização, tipo “Jardim de Infância”, devo penetrar nos minerais, principalmente os cristais.
Depois desse be-a-bá, vou passar para o estágio de estudo primário, vou me incorporar na vivência de plantas. É um estudo mais sofisticado, pois vou aprender sobre a influência do sol, da chuva, do solo, da fotossíntese... de como adquiro raízes e posso interagir até com outras plantas. De como com a minha estrutura vegetal consigo produzir flores, frutos e sementes e garantir uma reprodução, ensino que eu não tive na fase mineral.
Depois de ter conseguido aprender o suficiente para ir adiante, vou para o estudo secundário. Agora vou incorporar no reino animal. Inicialmente em espécies mais simples, mas cada uma delas com inúmeras formas de relacionamento entre os parceiros da mesma espécie e o contexto ambiental, do que existe em meu entorno que pode favorecer ou dificultar a minha sobrevivência. Devo aprender novas estratégias de sobrevivência e que ao longo do tempo pode gerar a formação de novas espécies.
Cada vez que aprendo as estratégias de espécies mais simples, vou assumindo corpos de espécies mais complexas, até alcançar a capacitação suficiente e necessária para incorporar num corpo humano. Esta será a minha fase de estudo superior. Aqui eu consigo alcançar um grau de consciência para refletir sobre o significado da vida.
Na administração de um corpo humano, eu, espírito, tenho capacidade racional de discernir a existência dos dois mundos em que vivo, material e espiritual. Recebi a lição fantástica de um professor, enviado pelo próprio Pai, para me ensinar qual o melhor Caminho para a minha evolução saudável, sempre ao lado da Verdade e evitando todas as estratégias da Mentira que sempre privilegia os interesses materiais.
Seguindo as lições do Mestre Jesus consigo alcançar a tutela direta com o Pai e tenho uma segurança maior de chegar na Vida eterna ao Seu lado, como Jesus já alcançou e agora está aqui a nos ensinar sobre isso.
Dentro do contexto de responsabilidade no atual corpo que estou administrando, está o dever de fazer a vontade do Pai, conforme Jesus ensinou que consiste em agir fraternalmente com todos os meus irmãos, fazendo a qualquer um que esteja próximo ou talvez distante, o mesmo que eu gostaria que fosse feito a mim mesmo.
Esta foi uma tarefa também difícil para o Mestre, Jesus de Nazaré, de fazer a vontade do nosso Pai espiritual em detrimento dos interesses materiais de sua parentela biológica. Sofria repreensões dos irmãos e da própria mãe, que estava abandonando os seus para se entregar a todos; que tinha descuidado os deveres da família se desligando dos interesses carnais.
Mesmo que o Mestre soubesse que estava fazendo isso, se desligando da família, mas Ele sabia que o trabalho que tinha feito até aquele momento foi suficiente para deixar a família biológica com autonomia de sobrevivência e que Ele poderia partir agora para a construção da família universal, que era a vontade do Pai.
Apesar de toda essa consciência, o Mestre ainda refletia sobre isso. Será que tinha realmente direito de proceder assim? Seria bem vista aos olhos de Deus a transgressão da lei humana, no que ela tem de mais justo e solene, qual é o amor de mãe e a docilidade dos filhos para com a mãe? Perguntava ao Pai, por que essa angústia da alma se Ele obedecia a Sua voz? Por que essas aflitivas recordações retrospectivas, se a Sua missão de Messias devia sobrepor-se à Sua condição humana, aos seus deveres de filho, as aflições terrestres? Por que tanta atividade para preparar esse sacrifício que o Pai pedia, se ele constituía um ultraje à moral universal, baseado na dependência dos seres em suas relações fraternais?
Estas reflexões ainda entravam na mente do Mestre, quanto mais na minha enquanto aluno. Como deixar em segundo plano a dimensão espiritual e me envolver com prioridade nas exigências do mundo espiritual, do eu espirito em detrimento do meu corpo?