Sei que tenho uma missão determinada pelo Pai, mas sei também que tenho limitações que impede essa realização. Consciente disso, a oração seria o instrumento mais eficaz de corrigir esses defeitos, pois era isso que Jesus fazia constantemente, e ele nem demonstrava ter qualquer defeito. Mas quando as inquietações da natureza humana, instintiva, lhe atingiam a alma, ele engrandecia os desejos espirituais e alimentava seu coração com o fogo do amor divino através da oração.
Dessa forma, a esperança das alegrias celestes escondia as sombras trazidas pelos instintos materiais na sua vida de homem. Isso lhe apresentava como uma chama sublime das ternuras da alma e das alianças do espírito em meio da matéria.
Depois do Cristo orar, ele só se ocupava de Deus. Depois dos delírios da matéria, dos desejos instintivos, insanos, ele se sentia mais forte e os seu pensamento era transmitido com mais nitidez às estruturas cerebrais por onde passavam os eflúvios instintivos da carne.
O Mestre se aproximava dos companheiros após ter se nutrido espiritualmente com a oração, e fazia-os participar da sua liberdade de espírito, recém reforçada. Reunia-os tão estreitamente na sua felicidade futura, na construção do Reino de Deus, que os discípulos, mesmo não entendendo completamente a missão do Mestre, passavam a reverencia-lo com tal inspiração que beijavam suas vestes com fé e entusiasmo.
Tenho também a minha missão, mesmo não sendo tão divina quanto à do Mestre. Mas como provém de Deus, não deixa de ter alguma divindade, mesmo que mínima.
Alguns paralelos com a missão do Cristo eu posso fazer, principalmente com relação ao comportamento das pessoas ao redor, incluindo os próprios parentes.
Toda a minha família biológica, nuclear e ampliada, não conseguem penetrar na essência da minha missão, talvez nem saibam que eu possuo uma, assim como cada um deles também possuem. Vejo que eles recebem com certa ironia no olhar e no falar, quando eu digo que recebo mensagens constantes do Pai e que a minha prática comportamental, tão distante do comportamento da maioria, se faz assim por vontade expressa do Pai.
A consequência dessa minha firmeza em agir de forma tão diferente, faz com que eu me torne incompatível com as mulheres que tentam ser minhas companheiras. No começo se relacionam comigo tentando mudar o meu comportamento, e quando veem que não conseguem, terminam perdendo a paciência e me expulsam de suas convivências.
Apesar de toda essa reação, muitas vezes agressiva e até violenta, tenho a consciência limpa de que não enganei nenhuma delas. Todas sabiam que eu me comporto de tal forma porque entendo ser isto necessário para o cumprimento da minha missão. Se isso implica na minha vida solitária, por não encontrar nenhuma mulher capaz de ser carne da minha carne, estou disposto a pagar esse preço, mesmo que a minha alma tenha a necessidade de caminhar, harmonizado, com uma parceira.