Meu Diário
24/01/2024 00h01
TESTE DE ABRAÃO

            Observamos que as promessas de Deus eram dependentes da obediência constante de Abraão. Mas aconteceu um evento que elevou a aliança de Deus com Abraão a um novo nível, mais elevado, e por uma boa causa... veremos.



            Deus disse a Abraão para trazer Isaque, o filho da promessa, e sacrificá-lo como uma oferta queimada no Monte Muriá (Genesis 22:2). O principal teste de fé de Abraão havia chegado.



            Nessa altura de sua vida Abraão tinha aprendido a confiar em Deus implicitamente. Ele tinha experimentado a sabedoria, a verdade e a fidelidade de Deus. Ele continuou fazendo conforme era instruído, até ser milagrosamente interrompido no exato momento em que mataria seu filho (versículos 9-11).



            Podemos aprender diversas e profundas lições deste incidente.



Primeiro, Deus, seja no passado ou hoje em dia, nunca admitiu que O adorassem com sacrifícios humanos.



            Segundo, Deus proibiu a Israel de seguir a prática pagã de oferecer os filhos primogênitos como sacrifícios a ídolos. O sacrifício humano fazia parte da cultura da sociedade mesopotâmica de onde Abraão foi chamado, assim como também das nações ao seu redor. Mas Deus certificou-se de que seu servo fiel não iria realmente imolar seu filho, embora Abraão não soubesse de antemão o que Deus tinha em mente.



            No versículo seguinte, as palavras de Deus revelam o que realmente Ele queria descobrir sobre Abraão: “Agora sei que temes a Deus e não me negaste o teu filho, o teu único” (versículo 12).



            Por estar disposto a obedecer a Deus, Abraão provou que renunciaria àquilo que era mais precioso para ele, seu único herdeiro (versículo 16). Deus não queria o filho de Abraão como sacrifício, mas queria realmente saber se Abraão confiava nEle o bastante para fazer a escolha mais difícil que Ele colocaria diante dele. Abraão passou no teste.



            Aqui é outro ponto que o meu racional aponta uma incoerência. Deus não tem capacidade de sondar nossos corações, nossas intenções? Por que exigir uma prova de tal natureza, mesmo que se Abraão cumprisse ele não estaria seguindo a cultura do seu povo do sacrifício humano, principalmente dos primogênitos? Mas colocarei mais este trecho da narrativa no baú das dúvidas e seguir acreditando na narrativa.



            O comportamento de Abraão demonstrou para Deus que ele era um homem qualificado para o papel de “pai de todos os que creem” (Romanos 4:11-22; Gálatas 3:9; Hebreus 11: 17-19), e que era um fundador adequado da família de descendentes incontáveis que poderia se tornar o povo de Deus (Gênesis 18:19).



            Contudo, Deus não podia completar o plano que iniciara através de Abraão sem tocar no problema do pecado humano, e este problema iria, mais tarde, requerer o sacrifício do Redentor da humanidade, Jesus, o Messias, o Cordeiro de Deus (João 1:29).



            Como forma de diminuir o tamanho da minha crítica frente a exigência de Deus sobre a fé de Abraão, elaboro o seguinte raciocínio. Tem um setor da existência humana que Deus não pode intervir: o livre arbítrio. Não porque Ele não possa efetivamente, pois Ele pode tudo. Acontece que Deus nos criou enquanto espirito, simples e ignorante, capaz de evoluir em ciência e sabedoria com nossos próprios recursos. Para isso realmente acontecer, devemos possuir o livre arbítrio, uma ferramenta da nossa individualidade, onde ninguém poderia intervir, nem mesmo Deus. Isso dá para a humanidade o potencial de evoluir por nossos próprios esforços, respondendo pelos erros e acertos de nossas decisões e comportamento.   



            Dessa forma pode ser explicado porque Deus fez o teste com Abraão, mesmo sondando o seu coração e sabendo de suas intenções. Ele precisava saber se Abraão iria usar seu livre arbítrio, uma área que Ele não podia prever, para se comportar conforme Ele pedira.



            Assim justifica Deus exigir a aprovação nesse teste que envolvia o livre arbítrio.



Publicado por Sióstio de Lapa em 24/01/2024 às 00h01


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr