Meu Diário
24/02/2024 00h01
UNIDADE DA RELIGIÃO

            Fulton John Sheen foi um bispo americano na Igreja Católica, conhecido por sua pregação, principalmente na televisão e no rádio. Faleceu em 09-12-1979 e em 2012 o Papa Bento XVI reconheceu o decreto da “Consagração pelas Causas dos Santos” afirmando que ele viveu uma vida de “virtudes heroicas”, passo importante para a beatificação, por isso é chamado de “Venerável”.



            A plataforma Lumine, ligada à Igreja católica, está trazendo uma série sobre ele. No primeiro episódio, “O que é o homem”, no final o apresentador disse uma frase que caracteriza o trabalho do Bispo: “não rezamos por uma unidade da religião, mas pela unidade do povo religioso”.



            Achei muito interessante esse primeiro episódio e a didática simples que é utilizada. Compreender Deus como a luz que ilumina nossa consciência e que se dermos às costas a Deus, ficamos de frente para a nossa sombra, e quanto mais caminhamos, mais ela se alonga. No entanto, se ficarmos de frente para Deus, para a luz, nossa sombra ficará para trás, sem importância negativa para a consciência.



            No entanto, a frase que o apresentador disse que representava o trabalho dele me trouxe reflexões contraditórias.



            Ele faz reflexões sobre religiões. Diz que não reza pela unidade da religião, mas ele é um religioso. Ele não quer unidade na sua religião, a católica?



            Por outro lado, reza pela unidade do povo religioso. Mas, de que forma esse povo religioso alcançará a unidade? Fora da religião? Dentro de alguma religião?



            É este ponto que parece trazer uma forte contradição: como encontrar unidade dentro de uma religião.



            Cada religião defende um ponto de vista espiritual que considera como verdade. Como existem muitas religiões, isso significa que existam muitas verdades? A lógica nos diz que deve existir uma só verdade, mesmo que se façam derivações a partir dela.



            Considero as lições que o Cristo nos trouxe, como a Verdade, como o Caminho que devemos seguir em direção à Vida eterna, na intimidade com o Criador. Talvez esta verdade necessite de algum ajuste para se aproximar da Verdade real e imutável. O pensamento humano operando de forma crítica, sempre imagina condições e situações onde essa Verdade que o Cristo nos trouxe pode ser aperfeiçoada. Daí o motivo para a criação de tantas igrejas, mas todas com o mesmo foco principal que o Cristo ensinou: Deus é nosso Pai e todos somos irmãos que devemos agir com fraternidade.



            Neste sentido o Bispo Fulton tem razão, na procura de unidade entre as igrejas cristãs. Acontece que existem outras igrejas que defendem a verdade de outra forma, com outros deuses, com outros caminhos. Nesse caso fica incompatível a busca de uma unidade. Ou iremos para a igreja deles, se considerarmos que eles estão com a Verdade, ou faremos todo esforço racional para demonstrar que a Verdade está conosco, com os ensinamentos cristãos.



Publicado por Sióstio de Lapa em 24/02/2024 às 00h01


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr