Meu Diário
27/02/2024 00h01
ESCUDO HUMANO

            É visto que em toda guerra existem abusos dos dois lados. Quando a guerra envolve um grupo terrorista que ataca de forma objetiva, criminosa e covarde a civis, como aconteceu no 7 de outubro em Israel, pessoas que estavam festejando, crianças, velhos e mulheres de forma indiscriminada, é um comportamento que extrapola o sentido de humanidade fraterna e passa para o de humanidade animal associada aos interesses predatórios, ao Behemoth bíblico.



            Essas pessoas fogem da área do ataque levando consigo várias pessoas de todas as idades, de todas as condições físicas, de todas as nacionalidades, para servirem de escudo humano, dentro da cidade em que habitam, Faixa de Gaza, e que já transformaram todos os seus habitantes em perpétuos escudos humanos.



            Se tirarmos por um instante os óculos dos “direitos humanos” e colocarmos os óculos dos “direitos divinos” iremos ver a realidade com mais clareza.



De um lado, um bando de animais, com roupas e armas disfarçadas, entrincheiradas em canais subterrâneos de onde administram seus armamentos e manipulam os escudos humanos que estão na superfície. Animais que sugam os recursos humanos de várias outras pessoas que trabalham diuturnamente na superfície, em todos os países, para garantir a sobrevivência e que nem imaginam que parte do seu suor vai para a manutenção desses animais. Pior ainda, os recursos e poder acumulados de forma iníqua pelos animais, garantem um sistema de cooptação das pessoas mais fragilizadas moralmente, passam para a doutrinação nas escolas e mídia, incutem falsas narrativas no idealismo jovem e na sociedade ignorante, que passam a defender, sem saber e sem querer entender, seus próprios predadores.



Do outro lado temos um exercito formado da comunidade das pessoas atacadas. Um exército sintonizado com os valores espirituais, uniformizados, com armas visíveis, que usam no cotidiano seus próprios recursos e sempre estão desenvolvendo ações benevolentes ao redor do mundo, tanto individual como coletivamente. Esse exército tenta resgatar os reféns e derrotar esse grupo terrorista que sobrevive nas sombras. Se depara com a maior arma que eles têm para se defender: os escudos humanos. Com isto eles evitam os disparos das armas de quem são agredidos e ainda passam para o mundo a imagem distorcida dos confrontos para alimentar as falsas narrativas.



Fica aqui a questão: como solucionar esse impedimento dos escudos humanos? Vamos fazer uma análise da situação. Vamos colocar uma lupa racional na situação, sair do coletivo e chegar ao individual. Vamos imaginar o animal com o escudo humano frente ao soldado armado. Ele não pode disparar sua arma, pois elimina o animal, mas também elimina o refém. Nesta situação, o animal cria condições de atacar e matar o soldado, e tantos surjam dentro da mesma condição. A vitória parece ser clara a favor do animal. A única forma de alcançar a vitória pelo soldado, é que ele dispare a sua arma, elimine o animal, mesmo que a consequência seja a eliminação também do refém, do escudo humano.



A questão é a guerra entre dois oponentes, quem está na linha de tiro pode ser atingido. Se um dos lados coloca voluntária e estrategicamente um civil na linha de tiro, como um escudo humano, a culpa pela eliminação desse escudo não é de quem atira, pois este é o objetivo dele na guerra contra o opositor que tem à frente. A culpa é de quem colocou e usa como defesa tal escudo humano.



Mas vamos colocar a questão de forma mais íntima, espiritual, como é a forma mais adequada ao nosso racional, como membro da família divina e que defendemos a fraternidade universal.



Jesus nos ensinou uma bússola comportamental para agirmos dentro da fraternidade universal, expressando o amor incondicional dentro dos diversos tipos de relacionamentos: Fazer ao próximo aquilo que queremos ser feito a nós. Para esta bússola funcionar, eu tenho que me colocar na condição do outro e querer para mim o que eu estou prestes a dar a ela. Então, se eu sou um soldado armado na guerra contra o animal que acabou de fustigar selvagemente a minha comunidade, e ele se apresenta com um escudo humano para não ser atingido, eu devo me colocar no lugar dessa pessoa que serve de escudo humano e perguntar para mim mesmo: eu quero ser destruído dessa forma para que esse animal não continue com seus atos de barbaridade?



Minha resposta é sim.



Publicado por Sióstio de Lapa em 27/02/2024 às 00h01


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr