Louvo à Deus, meu Pai, que descobri agora. Depois de tanto tempo, vivendo por viver, na luta pela sobrevivência. Ouvia falar de Ti, ia à Igreja e Te respeitava como um ente superior, mas não conseguia entender a dimensão do que o Senhor É. Te entendo agora como Pai, que tanto me protegeu e ensinou sem eu saber, como um verdadeiro pai faz com o filho ignorante. Sinto-me agora em Teus braços, poderosos e diáfanos, mas ainda sou frágil, nem sei ainda conversar contigo, dizer o que vem à minha mente, do meu amor e respeito por Ti, mas não sei como me expressar. Por favor, desculpa a minha ignorância, que apenas despertou um pouco agora para descobrir a Tua presença.
REFLEXÃO
O autor reconhece o tempo que permaneceu na vida sem reconhecer devidamente quem foi que o criou e quem cuidou de si por todo o tempo de ignorância. Lembra dos momentos cruciais onde sua vida esteve por um fio. Quando criança, correndo em suas brincadeiras, ia atravessando a rua sem prestar atenção quando de repente foi suspenso no ar por duas mãos adultas que não conseguiu ver de qual rosto pertencia.
Em outro momento, fazendo estágio em São Paulo da minha pós-graduação, vindo para casa de ônibus, terminei dormindo no banco e fui parar no terminal, pois os ônibus já estavam sendo recolhido devido o avançado da hora, passava da meia-noite. Desci naquele bairro da periferia e fiquei desnorteado à procura de um táxi que levasse para casa. Não vi nenhum carro circulando, quanto mais táxi. Eu não tinha acesso ao telefone, nessa época ainda não existia o celular. Procurei seguir pela rua que parecia ser a principal daquela comunidade, sem muita esperança de achar algum veículo. Não tinha ideia de como iria passar a noite, onde dormir, não via nenhum estabelecimento comercial aberto. De repente vi aparecer um táxi na rua que eu caminhava, com a luz acesa. De imediato pedi a parada e entrei no veículo dizendo o endereço para onde eu precisa ir. Durante o trajeto o motorista procurou saber o que eu estava fazendo a essa hora da noite, caminhando sozinho, em comunidade tão perigosa. Expliquei a ele o que aconteceu e que ele ter surgido naquele momento foi muito importante para mim. O taxista terminou confessando que ele também não circulava por ali, mas naquele dia já estava indo para casa quando sentiu a vontade de ir pela rua que eu caminhava. Associei com a sorte que eu tive naquele dia, mas hoje, com a consciência que eu tenho um Pai que vela por mim desde que nasci.