Sióstio de Lapa
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Meu Diário
27/03/2024 23h59
APOSTA DE DEUS COM O DIABO

            Parece um texto fora de propósito, afinal, como podemos imaginar Deus apostando qualquer coisa com o Diabo? Primeiro, porque não tem a menor possibilidade do Diabo ganhar, já que Deus é onisciente, onipresente, todo poderoso... qual a chance?



            Mas se formos ler a Bíblia no livro de Jó, vemos que está colocado essa aposta. Deus conversa com o Diabo e diz que Jó é um crente perfeito, muito justo e cheio de bens. O Diabo contesta e diz que ele só é um bom crente porque recebeu Suas benesses e se acaso as perdesse ele perderia tal convicção na fé. Então Deus concorda que o Diabo tire todas as benesses que Jó conquistou, com exceção da sua vida, para ver se ele continua mantendo a sua fidelidade a Deus.



            Eis aí em que consiste a aposta. Não depende de Deus e sim da convicção na fé por um crente, após ter perdido sem nenhuma justificativa seus bens, seus filhos e até sua saúde. Jó recebia contestação dos parentes e amigos, mas continuava firme da fé, mesmo não sabendo porque estava sendo tão “castigado”, uma vez que sua consciência não acusava nenhum pecado contra ninguém.



            Como Deus pode pegar um justo, sem pecados, e deixa-lo sofrer de tamanha forma? Ficamos a pensar... Mesmo Deus podendo tudo, mas ele não é ético e de bondade suprema? Que sentido havia em ganhar essa aposta? Deixar uma lição para todos de que existe uma pessoa, pelo menos, capaz de resistir ao maior sofrimento e mesmo assim permanecer fiel a Deus.



            Tem outro aspecto ético comprometido... e a morte de seus filhos? Jó estava protegido da morte pelos limites que Deus colocou quando fez as condições da aposta. Mas a morte dos filhos que não tinha nada a ver com tal aposta, teria sido ética?



            Tudo isso cai no “buraco negro” da incompreensibilidade, pois nossa consciência não alcança o que Deus pretende com tal aposta... somente ensinar a humanidade a firmeza da fé de um crente?



            Esta justificativa que a minha inteligência encontra para justificar o comportamento de Deus é insuficiente para mante Deus dentro dos padrões de Sabedoria suprema do universo. Certamente aí consiste em a melhor resposta: a minha insuficiente inteligência e sabedoria para alcançar os propósitos de Deus.



            Sei que gastarei muito tempo para chegar próximo da justificativa de tal comportamento de Deus. Somente considerando a minha fragilidade de inteligência e sabedoria é que posso continuar a considerar o Pai na sua merecida grandiosidade.



            Finalmente, em tal aposta, ganhou Jó, ganhou Deus e eu, como expectador fiquei a “ver navios”, tal qual Napoleão com Dom. João VI, rei de Portugal.


Publicado por Sióstio de Lapa
em 27/03/2024 às 23h59