Meu Diário
07/04/2024 00h01
PENSAR, SENTIR E AGIR COMO A IGREJA

Considerando Jesus como o maior ideólogo para a construção de uma sociedade ideal, livre e harmônica, e a sua ideologia mantida pela Igreja Católica Apostólica Romana, observamos que seus adversários, que querem ver uma sociedade em conflito e com a maioria escravizada a uma minoria, pretendem destruí-la para alcançar seus objetivos nefastos. Nós, que somos os mais interessados na vitória do Cristianismo, devemos estudar com atenção o livro (O processo sinodal, uma caixa de Pandora) que aborda diretamente o assunto e que pretendemos fazer isto aqui neste espaço. Abordaremos hoje o final da introdução.



Do conciliarismo à sinodalidade permanente



Por mais que se apresente como “moderno” e “atualizado”, o espírito sinodal é inspirado em antigos erros e heresias.



            Já no início do século XV, sob pretexto de adaptar a Igreja à nova mentalidade nascida com o Humanismo, surgiu a corrente “conciliarista”, que buscava reduzir o poder hierárquico do Papa em favor de uma assembleia conciliar. A Igreja deveria ser estruturada, como uma expressão da vontade dos fiéis, em “sínodos” locais e regionais amplamente autônomos, cada um com seu próprio idioma e costumes. Esses sínodos deveriam se reunir periodicamente em um “concílio geral” ou “santo sínodo”, detentor da mais alta autoridade da Igreja. Reduzido a um primum inter pares, o Papa teria que se submeter às decisões dos concílios, tomadas por meio de um voto igualitário dos participantes.



            Em suas manifestações mais autenticas, o espírito que anima o Synodaler Weg alemão, e também o caminho sinodal universal, nada mais fez que retomar e reviver esses velhos erros, condenados por vários papas e concílios.



            Denunciou esses velhos erros o então Cardeal Joseph Ratzinger: “A luz da tradição da Igreja, bem como da estrutura sacramental e do propósito específico da Igreja, a ideia de um sínodo misto, como autoridade suprema e permanente das igrejas nacionais, Não passa de um quimera. Tal sínodo careceria de toda legitimidade, e dever-se-ia recusar-lhe obediência de modo claro e decisivo”.  



Alienus factus sum in domo matris meae



            Para um observador atento, o panorama adquire tons apocalípticos. Está em andamento uma manobra para demolir a Santa Madre Igreja, eliminando elementos básicos de sua constituição orgânica, de sua doutrina e moral, tornando-a irreconhecível. Como advertiu o Cardeal Müller, as reformas sinodais, se aplicadas integralmente de acordo com as intenções utópicas de alguns de seus promotores, poderiam levar “à destruição da Igreja Católica”. Trata-se da mais terrível das destruições, por ser perpetrada por mãos consagradas que deveriam preserva-la de todo perigo. Nunca foi tão veraz como hoje a admoestação de Paulo VI: “Alguns praticam a autodestruição. (...) A Igreja também é atacada por aqueles que pertencem a ela”.



            Diante de quadro tão sombrio, muitos católicos se sentem perdidos, desanimados, confusos, perplexos e decepcionados, mas nem todos reagem adequadamente. Alguns cedem à tentação do sedevacantismo: abandonam a Igreja para se tornarem autorreferenciais. Outros sucumbem à tentação da apostasia: abandonam a Igreja para abraçar falsas confissões. A maioria se afunda na indiferença, abandonando a Igreja a seu triste destino. Ora, todos estão errados, pois amicus certus in re incerta cernitur. Exatamente agora a Santa Igreja precisa de filhos amorosos e destemidos para defende-la de seus inimigos externos e internos. Deus quer constatar a nossa fidelidade, e nos chamará a prestar contas.



            A exemplo de Plínio Corrêa de Oliveira, perguntamos: “Quantos são os que vivem em união com a Igreja este momento que é trágico como trágica foi a Paixão, este momento crucial da História, em que uma humanidade inteira está escolhendo por Cristo ou contra Cristo? Devemos pensar como a Igreja pensa, sentir como a Igreja sente, agir como a Igreja quer que procedamos em todas as circunstâncias de nossa vida. Isto supõe um senso católico real, uma pureza de costumes autêntica e completa, uma piedade profunda e sincera. Em outros termos, supõe o sacrifício de uma existência inteira”. Acrescentaríamos que se trata de sacrifício ainda mais doloroso, se levarmos em conta que altos funcionários da própria hierarquia eclesiástica já demonstraram não apreciar esta atitude, e costumam persegu9r ferozmente os que a tomam.



            Poderíamos quase exclamar, parafraseando o salmista: “Alienus factus sum in domo matris meae – Tornei-me um estranho na casa de minha mãe” (Sl 69, 7). Alienus, sim, mas ainda in domo matris meae, ou seja, na Santa Igreja Católica Apostólica Romana, fora da qual não há salvação.



            É esse o espírito que anima os autores deste livro.



            Este é o novo campo em que se desenrola a guerra espiritual que teve início nas hostes celestiais com a rebelião de Lúcifer e que se estende até os dias atuais, onde novas armas são exibidas na surdina, como humanismo, modernismo, cientificismo, socialismo, comunismo, etc. Para os revoltosos, revolucionários, o grande adversário é a Igreja Católica que leva através dos séculos o pensamento do Cristo. Como não estavam vencendo no embate externo, mudaram a estratégia e se infiltraram dentro do Corpo Místico de Cristo, como se fosse uma virose que ataca a quem não tem uma imunidade cristã fortalecida pela fé, pela crítica e pelo bom senso. Essa infecção viral se alastrou e alcançou até o cérebro, o papado, que agora deixa a sobriedade de lado e passa a desfilar com todos os atores mundanos exibindo a faixa de amizade social. É este combate interno que iremos estudar com este livro.



Publicado por Sióstio de Lapa em 07/04/2024 às 00h01


Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr