Este texto se relaciona com o texto anterior, simulando os votos da pessoa que se propõe ser companheira daquele que expos os seus votos.
Meu querido companheiro. Agradeço pela honestidade de ter colocado em seus votos, para quem é dirigido, em primeiro lugar, o seu amor, sua dedicação e seu compromisso. Confesso que sinto uma dor no Ego, pois imaginava e sonhava com um companheiro que me tivesse em primeiro lugar, tanto no amor quanto na dedicação e compromisso. O que atenua minha dor e serve de lenitivo, é saber que esta prioridade é dirigida para quem eu também tenho forte dedicação, amor e devoção: a Deus, o meu e nosso Pai espiritual. Mas fiquei entusiasmada quando você falou que me considera carne da tua carne, se eu consigo permanecer dentro do relacionamento contigo, sentindo os prazeres e sofrimentos dos relacionamentos que vêm e que vão a cada momento, mesmo que implique em profundas intimidades, como relações sexuais. Não consigo entender como a comunhão desses sentimentos que você possa desenvolver por outra pessoa, eu possa partilhar, pois nem mesmo fazer o mesmo que você faz, e me permite fazer, me relacionar com outra pessoa com tal intensidade, eu não consigo aceitar, nem mesmo imaginar. Mas entendo o seu grau de honestidade, de altruísmo, até de abnegação. Mas como posso me tornar carne da tua carne se não consigo sentir o que sentes dentro do cumprimento da tua missão, de fazer a vontade do Pai como Ele a colocou em tua consciência? E sei que estás determinado e que nada te tirará desse caminho. Eu também respeito o caminho que estás tomando por obediência a lei de Deus que está em tua consciência. Mas sinto que irá trazer muito sofrimento para mim, ao trilhar integrada a você nesse caminho. Como sentir os prazeres que você sente na sua carne se por minha carne eu sinto dor? Então, se eu não conseguir ser a carne da tua carne, isso inviabiliza para sempre o nosso companheirismo na intimidade que o Pai deseja? Será que posso tentar, pelo menos? Terei força para suportar as críticas do mundo e defender o que todos imaginam ser indefensável? Mas se este é um caminho que leva em direção ao Reino de Deus, um Reino que não é deste mundo material, um Reino espiritual do qual também quero ser uma cidadã... não vale a pena tentar e aceitar os seus votos juntando a eles os meus? Irei procurar encontrar forças para suportar as ausências, a malícia de quem observa, o compartilhamento do amor que você desenvolve por pessoas que ao meu ver nem merecem, pois sei que você, meu companheiro, terá a força moral de considerar o meu corpo integrado ao seu em qualquer momento, em qualquer lugar, com qualquer pessoa, e dessa forma alçarmos o voo juntos, em direção ao Pai. E sei que estaremos juntos, evoluindo dentro de um estudo de inspiração divina.