Para defender a Santa Igreja Católica é preciso saber como está se procedendo os ataques, quem são os atores e quais são as instâncias deliberativas no campo administrativo para que a demolição da Igreja como foi construída no passado, venha acontecer. Vejamos o que nos diz o Capítulo III do livro “O Processo Sinodal, uma caixa de Pandora – 100 perguntas e 100 respostas”.
12 – Que implicações a sinodalidade terá na vida da Igreja?
Essa escuta de toda a comunidade implica uma reformulação da autoridade na Igreja. De acordo com o Papa Francisco, é preciso inverter a estrutura piramidal da Igreja: “nesta Igreja, como numa pirâmide invertida, a vértice encontra-se abaixo da base”.
Segundo o Cardeal Mario Grech, secretário do Sínodo, Francisco “forneceu um modelo vivo e estimulante da imagem da ‘pirâmide invertida’ da autoridade hierárquica (...)”. Como Amanda C. Osheim observa corretamente: “conceber a autoridade hierárquica como uma pirâmide invertida abate uma antiga concepção piramidal da Igreja, uma economia eclesial de gotejamento na qual o Espírito Santo era dado primeiro ao Papa e aos sacerdotes, depois ao clero e aos religiosos e, finalmente, aos fiéis (...). Essa pirâmide, na verdade, dividia a Igreja em Igreja docente (ecclesia docens) e Igreja discente (ecclesia discens). Ao inverter a pirâmide, a analogia de Francisco redefine a autoridade como dependente da aceitação, escuta e aprendizado de outros dentro da Igreja”.
Essa reformulação da autoridade da Igreja, de índole democrática, permitiria “superar o flagelo do clericalismo”, porque supostamente “somos todos interdependentes uns dos outros e todos compartilhamos a mesma dignidade no meio do povo santo de Deus”.
A matilha está se transfigurando em ovelhas, e esta argumentação denuncia seus objetivos. Claro, fica entendido que o lobo é predador da ovelha, depende dela... mas a ovelha? Depende do lobo para que? Reduzir o seu número? Então essa interdependência não está coerente. A não ser que fosse considerado como realidade todos pertencerem ao “povo santo de Deus”, onde os lobos estejam convertidos em ovelhas. Mas é isso que observamos? Onde o comportamento da própria Igreja está sendo redirecionado para respeitar a opinião de cada ser humano, que não precisa se procurar a conversão dos pagãos, dos egoístas, dos homens nascidos animais, feras, aos ensinamentos de Cristo, à família universal, à construção do Reino de Deus? Não, este “povo santo de Deus” que a sinodalidade quer respeitar com a mesma dignidade que cada um oferece nas suas ações, mesmo que não seja considerado a natureza dos seus frutos, quer sejam bons ou maus para a coletividade. Mas sim, deve ser respeitada, de forma democrática, a dignidade do “povo santo de Deus”, mesmo que estejamos vendo e sentindo a fragrância nefasta das suas más intenções enraizadas nos seus corações animalizados. Então essa pirâmide eclesial inspirada pelo Cristo, onde o Espírito Santo promove o gotejamento dos princípios morais, de forma hierárquica, compatíveis com a sintonia divina, deve ser invertida. A hierarquia maior deve ser exercida pela “matilha santa de Deus” mesma que esta ainda mantenha a pelugem das ovelhas, da obediência de quem respeita que sempre existe uma autoridade moral, que quanto maior mais está próxima de Deus.